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Kembo Mohadi recusa apresentar a demissão

Um dos dois vice-Presidentes do Zimbabwe, Kembo Mohadi, recusou, ontem, demitir-se por causa de um escândalo sexual em que está envolvido, e depois de divulgadas gravações de conversas explícitas com duas pessoas casadas.

26/02/2021  Última atualização 12H53
Mohadi nega envolvimento em escândalo sexual © Fotografia por: DR
Numa declaração em Harare, divulgada pela Efe, Mohadi, 71 anos, disse que é inocente e que o seu telefone tinha sido pirateado e a sua voz clonada. "As alegações feitas contra mim, não só são falsas como são bem montadas para denegrir, condenar e manchar a minha imagem como líder nacional e patriota”, afirmou o Vice-Presidente.
As conversas telefónicas e os detalhes provocaram a indignação de grupos de direitos humanos e de zimbabweanos, que apelaram à acção disciplinar contra Mohadi por alegado abuso de poder.

O escândalo veio à tona na semana passada, quando o 'site' de notícias independente ZimLive publicou gravações, alegando ser Mohadi em conversas separadas com duas mulheres casadas, uma delas agente de segurança no seu gabinete.
Uma das mulheres, a agente, é ouvida a discutir o uso de contraceptivos e a concordar em encontrar-se com o vice-Presidente para relações sexuais no seu gabinete. A agente alerta-o para não ter uma overdose de um líquido que potencia o sexo, depois do Vice-Presidente ter confessado beber "duas chávenas” antes de um encontro com ela.

"Continuo a ser um líder, pai e servo empenhado desta grande nação. Portanto, nada vai mudar porque tudo isto é feito para manchar a minha imagem. Se alguma coisa acontecer, será Sua Excelência, o Presidente do Zimbabwe, a determinar o meu futuro”, disse Mohadi.
Numa alusão aos rumores de pressão para se demitir deixou o seu futuro político nas mãos do Presidente, Emmerson Mnangagwa, que o nomeou como um dos seus dois vice-Presidentes, em 2017, pouco depois do derrube do então Chefe de Estado Robert Mugabe, com a ajuda do Exército.

A Coligação das Mulheres do Zimbabwe apelou, na quarta-feira, a uma comissão estatal para que investigue o vice-Presidente por alegado assédio sexual.
"O tratamento deste caso determina a vontade do país de eliminar o assédio sexual no local de trabalho e de dar esperança às vítimas e so-breviventes”, afirmou a organização.

O principal partido da oposição, MDC Aliance, disse que o alegado comportamento de Mohadi "está na fronteira do abuso sexual através da utilização de cargos públicos, mantidos pelo dinheiro dos contribuintes”. Mas Mohadi insistiu, ontem, que foi vítima de "diabolização política” por aquilo a que chamou "netizens sem rosto”.
O vice-Presidente, que já foi ministro do Interior e depois ministro da Segurança dos Governos de Mugabe, divorciou-se, em 2019, da mulher com quem esteve casado durante quase 40 anos.

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