Cultura

Kilandukilu realiza espectáculos para celebrar 40 anos de existência

Mário Cohen

Jornalista

Uma série de espectáculos de dança contemporânea vai ser realizada pelo Ballet Tradicional Kilandukilu, com o objectivo de celebrar, no país e no estrangeiro, os 40 anos de existência deste grupo de dança, que se assinala no dia 15 de Março.

17/02/2024  Última atualização 13H45
Integrantes do ballet tradicional, criado a 15 de Março de 1984 © Fotografia por: DR

A informação foi avançada pelo presidente do grupo, Maneco Vieira Dias, à margem da conferência de imprensa realizada na passada terça-feira, no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda.

Maneco Vieira Dias explicou que as jornadas vão decorrer de Junho a Setembro, sendo o ponto mais alto a realização de vários espectáculos dentro e fora do país, incluindo homenagens a figuras fundadoras, nomeadamente Ana Maria Vieira Dias Tomás e Pedro Tomás "Mestre Petchú”, professor e coreógrafo do grupo, actualmente residente em Lisboa.

Segundo o presidente, a agenda prevê igualmente a realização de seminários sobre dança, exibição do filme que retrata a trajectória do grupo, lançamento da E.P com músicas de recolhas e originais, um DVD, bem como o espectáculo "Trajectória”, que narra a história e vivências do Kilandukilu.

Maneco Vieira Dias deu ainda a conhecer que vão potenciar o projecto cultural denominado "Kizaka -Viagem da Dança”, que trouxe ao país professores de diversos países que viveram e vibraram as emoções do Carnaval de Luanda, assim como homenagear Luanda, terra que viu nascer e crescer o grupo, com seus ritmos e tradições, há 40 anos.

O Ballet Tradicional Kilandukilu, contou, é um grupo que viaja pela cultura nacional, onde a dança e a música folclóricas são os objectos essenciais, e vem desenvolvendo um programa que perdura há quatro décadas, que teve início no Bairro Maculusso.

Hoje, afirmou, o grupo trabalha em Luanda, Uíge (Nkembo Kilandukilu), em Lisboa (Kilandukilu Portugal) e Recife (Brasil), por via de uma parceria com a organização não-governamental Pés no Chão, cuja missão é tirar crianças e jovens adolescentes das ruas, isto no Brasil.

Quem também aproveitou a oportunidade para entregar a carteira profissional ao mestre Petchú foi o presidente da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC), Zeca Moreno. Na ocasião, Zeca Moreno disse ser uma honra dar a carteira profissional a um indivíduo que muito tem feito pela cultura angolana fora do país, promovendo e divulgando o semba, através da dança,tendo acrescentado que o contributo do coreógrafo em expandir o semba na Europa, em particular em Lisboa, tem sido notável.

Os professores de dança de várias nacionalidades que fazem parte do projecto "Kizaka - Viagem da Dança” estão em Luanda, com objectivo de celebrar as festividade dos 40 anos de existência do Ballet Tradicional Kilandukilu, que se assinala no dia 15 de Março. Depois da conferência, o presidente Maneco Vieira Dias aproveitou a oportunidade da presença dos professores no Centro Recreativo e Cultural Kilamba para uma vista guiada à Galeria do Semba, conduzida pelo cantor e compositor Dom Caetano, com a finalidade de dar a conhecer à comitiva a riqueza cultural da música angolana, em particular o semba.

Dom Caetano falou um pouca da vida e obra dos músicos mais cotados da história da música do país, a destacar David Zé, Artur Numes, Artur Adriano, Liceu Vieira Dias, Amadeu Amorim, Elias dya Kimuezo, Rui Mingas, Lourdes Van-Dúnem, André Mingas e Fontinho. Falou ainda de outros cantores que também contribuíram para o desenvolvimento do semba, como Urbano de Castro, Zé do Pau, Dionísio Rocha, Sofia Rosa, Belita Palma, Mestre Kamosso, Carlos Burity, Waldemar Basto, Massano Júnior, Tony do Fumo, entre outros.

Historial do grupo

Fundado a 15 de Março de 1984, no Bairro Maculusso, assumiu inicialmente o nome Experimental de Dança Tradicional Kilandukilu. Kilandukilu, expressão kimbundo, significa divertimento, e tem como instrumentos preferênciais o batuque, mondó, ngongue, puita, ngaietas, djembés, reco-reco, bate-bate (bambu), apitos, marimbas, flauta, sacos plásticos, chocalhos, banheiras, dum-dum pedrinhas, garrafas, entre outros efeitos sonoros como água, vento da boca e assobios.

Desde a sua existência, o grupo já teve a oportunidade de participar em vários eventos nacionais e internacionais, como em Portugal, Alemanha, Suécia, Polónia, Brasil, Cuba, Costa Rica, Nicarágua, Índia, Coreia do Norte e Sul, Singapura, Japão, bem como em Espanha, Itália, Emiratos Árabes Unidos, Qatar, Israel, França, Argentina e Turquia. Já foi distinguido por várias vezes, sagrou-se em 1º lugar no Festival Provincial para Trabalhadores, em 1984, Prémio Revelação e Identidade, agraciado pela União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC), em 1996 e 1998, e melhor Ballet Tradicional de Dança Africana, na VII gala da Rádio Clube de Leiria (Portugal), em 1999.

Foi igualmente premiado como 1º classifica no VIII Festival Internacional de Dança e Música Folclórica, na África do Sul (1995), Prémio Nacional de Cultura e Arte, na disciplina de dança (2011) e diploma de mérito, agraciado pela Comissão Administrativa de Luanda, em 2014, alusivo aos 438 anos da Cidade de Luanda.

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