Sociedade

Mais de 300 cidadãos fugidos da seca reassentados nos Gambos

Estanislau Costa | Lubango

Jornalista

Mais de 300 cidadãos, que estavam refugiados, há cerca de dois anos, na vizinha República da Namíbia, devido à seca prolongada que assolava as aldeias onde viviam, foram, há dias, reassentadas nas suas zonas de origem, no município dos Gambos.

25/03/2024  Última atualização 08H15
Administrador municipal dos Gambos, Francisco Barros, explica à comunidade sobre o processo de reassentamento © Fotografia por: Estanislau Costa | Edições Novembro

A transportação contou com o apoio do governo da Namíbia, tendo o Executivo angolano criado as condições necessárias para o reassentamento e entrega de espaços, principalmente para a actividade agropecuária, nas localidades da Taka, Chibemba, Pocolo, Panguelo e outras, nos arredores dos Gambos.

O administrador municipal dos Gambos, Francisco Barros, explicou que está a ser dado tratamento especial às 104 crianças que compõem o grupo, devido ao facto de haver algumas com indícios de desnutrição e dificuldades de adaptação ao clima.

"Estamos empenhados em enquadrar condignamente 25 crianças em idade escolar, acção que não está fácil, devido às línguas que falam, entre elas o inglês, oshiwambo e kwanyama”, referiu, explicando que, para minimizar o problema, têm contado com o apoio de jovens que falam as referidas línguas.

Francisco Barros considerou prioritária a inserção das famílias em acções socialmente úteis, destacando a agricultura e a criação de animais como gado bovino, caprino, suíno e aves, além do comércio, tendo solicitado apoio da Cáritas, UNICEF e outras organizações, visando o fortalecimento das condições de sustentabilidade.

As autoridades locais, explicou, distribuíram 27 toneladas de cereais (massango, massambala e milho), assim como 366 kits de instrumentos de trabalho do campo, como enxadas e catanas, às famílias que voltaram às áreas de origem, visando o fomento da produção agrícola. "Estamos empenhados em fazer com que cada família se torne rapidamente auto-suficiente”.

Txetequela Kangombe, um dos repatriados, disse que já há vários campos preparados para o cultivo, e que a entrega de sementes e alfaias agrícolas estão a impulsionar o envolvimento da maioria das famílias na produção. "Temos terras férteis, instrumentos de trabalho e sementes para começar a produzir”.

A lavoura, acrescentou, vai, também, ser feita em chimpacas, para que, na época do cacimbo, se possa continuar a lavrar a terra, para que haja condições de, num curto espaço, as famílias atingirem a auto-suficiência alimentar.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade