Reportagem

Malanje, um destino turístico imperdível

Ferraz Neto

Jornalista

A província de Malanje é conhecida, para além da vasta produção agrícola, pelos seus encantos naturais e locais históricos que convidam o turista a desacelerar e entrar em contacto directo com a natureza. Nesta época do ano, em que se avizinha o Natal, inúmeras famílias planeiam férias nesta região do território nacional, sendo, sem dúvidas, um destino ideal para retemperar as energias e planear os próximos desafios

26/11/2023  Última atualização 10H19
© Fotografia por: DR

Malanje, é uma cidade encantadora situada na zona Norte do país. Entre os vários encantos naturais, realçar o imponente e histórico Rio Kwanza, que passa pela região, tornando-lhe numa verdadeira "torre de água", sendo um destino turístico imperdível para aqueles que desejam mergulhar na rica história e cultura de Angola.

Nesta época do ano, com uma atmosfera fascinante (chuva e frio), adornada com uma arquitectura de edifícios modernos, entre os quais a Missão Católica dos Bángalas, herdados da era colonial, a província oferece uma experiência única de momentos inesquecíveis.

O enorme potencial turístico de Malanje assenta, reconhecidamente, em vários factores concorrentes - as paisagens naturais e os locais históricos, com realce para a herança cultural e patrimonial, a riqueza gastronómica e inegável hospitalidade do povo.


Formações rochosas de Pungo Andongo

O nome poderá descender da língua nacional kimbundu, em que "ma-lanji”, quer dizer "as pedras”, nome facilmente justificado pelas gigantescas formações rochosas localizadas na região de Pungo Andongo, no município de Cacuso.

Mas há quem defenda que a origem do nome se deve a um encontro dos primeiros colonizadores portugueses com os povos locais, logo após cruzarem o Rio Malanje, então Kadianga, e que à pergunta sobre qual o nome desse rio ouviram a resposta: "Ma-lanji Ngana" ("são pedras, Senhor”), em referência pela forma como o conseguiram transpor.

Há uma corrente que narra que esse nome só terá sido atribuído mais tarde, quando uma expedição portuguesa se cruzou com algumas mulheres locais, que questionados sobre a vida na aldeia terão respondido, em kimbundu, "Mala hanji", que significa "Também há homens".

A atribuição do nome não se esgota nestas três explicações. Uma outra narrativa, defendida por alguns nativos, que asseguram que o mesmo se deve a expressão "Malagi", proferida por um soba, quando recebeu a notícia de que os portugueses se preparavam para utilizar a força para ocupar a região e se questionou: " Malagi", ou seja, "São loucos?".


Zona histórica

Malanje, pertencente ao antigo reino da Matamba, localizado entre o Ndongo e o Congo, a leste do rio Cuango, na margem direita do rio Lucala, corresponde a actual Baixa de Cassange. É uma província repleta de história e de tradição. Os ricos legados históricos são testemunhos de séculos.

O rei da Matamba, consta da história, se rebelou contra o Congo e ampliou o seu domínio sobre outras terras e vassalos, a partir da capital em Mocaria Camatamba, por volta de 1560. Matamba foi, gradativamente, se libertando das obrigações do rei do Congo e o poder foi centralizado em torno de um soberano independente.

A lenda local, diz que o rei ferreiro Samba Ngola Mussuri utilizou o conhecimento da metalurgia para vencer os exércitos do Congo e se impor sobre os seus vizinhos. O povo da Matamba, consta como os pioneiros no domínio das técnicas de fundição do ferro, úteis para fabricar armas e instrumentos agrícolas.


Localização e acesso

A província de Malanje está estrategicamente localizada na região norte de Angola, cuja posição geográfica facilita o acesso a várias importantes cidades do país, isto é, no sentido leste e sul. A ligação de Luanda a Malanje, num percurso de 400 quilómetros, pode ser feita por via aérea, ferroviária e rodoviária.

Por estrada, o visitante pode optar pela estrada nacional 230 ou a 120, isto é, passando pela vila do Dondo, Morro do Mbinda-Ndalantando-Luacala-Cacuso-Malanje. Nesta época do ano, por conta da intensa chuva, aconselha-se uma viagem no período diurno e numa viatura todo-o-terreno (4X4).   

Pode-se também chegar a Malanje, por via aérea. O aeroporto foi completamente remodelado, podendo receber aviões da última geração. A partir deste aeroporto, o visitante pode apanhar um táxi para o centro da cidade. Atenção que, por falta de passageiros, a TAAG e demais companhias aéreas, deixaram de operar.

Apesar do seu crescimento urbano acelerado, a cidade de Malanje, é facilmente explorada a pé, de moto ou de carro, já que muitas das suas atracções em termos de edifícios históricos estão concentradas no centro da cidade. Ao explorar a cidade de Malanje, há alguns locais imperdíveis como o edifício do Banco Nacional de Angola (BNA).

O largo 4 de Fevereiro, um dos principais postais da cidade, o visitante tem a possibilidade de visitar o edifício da Igreja Metodista Unida, o Prédio das Amantes, o Cine Turismo, o antigo palácio da administração colonial, edifício da Obra Social da Maxinde (OSM), criada no dia 6 de Junho de 1964 e a paróquia da Maxinde.

Pode também visitar a antiga residência do primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto, localizada na rua 15 de Agosto, actualmente transformada em "Casa-Museu Agostinho Neto”, onde o mesmo viveu entre 1944 e 1945. A província de Malanje, tem identificados 69 locais turísticos.

Anualmente, chegam à província uma variedade de turistas, desde amantes da história e da cultura, até estudantes em busca de uma experiência académica única. Entre os destaques, a referência recai para alguns locais, que se localizam pelos diferentes municípios.

Alerta-se ao turista, que para garantir uma viagem tranquila e aproveitar ao máximo todos os encantos que a província tem para oferecer, é altamente recomendável contar com uma viatura todo-o-terreno, ou seja, 4×4, tendo em conta o péssimo estado de algumas vias de acesso.


O que visitar em Malanje

Quedas de Kalandula - As quedas de água de Kalandula, antigamente conhecidas por Duque de Bragança, são as maiores de Angola e as segundas maiores de África, depois das quedas Victória, entre a Zâmbia e o Zimbabué. As quedas Victória têm 1,7 km de comprimento e 108 metros de altura. As quedas de Kalandula têm 410 metros de comprimento e 105 de altura.


Mesa da Rainha Njinga Mbande - A menos de cinco quilómetros da sede comunal do Cuale, está localizada a conhecida mesa da rainha Njinga Mbande. Conta-se que, depois da sua expedição pelo reino, a soberana repousava no local à sombra de uma árvore denominada "nday”, que existe até agora. Na meseta da rainha Njinga no Cuale, situada ao alto de um monte, ficaram gravadas na pedra as marcas da sua pegada e do cajado, do cão e da galinha que a acompanhavam.

Missão dos Bângalas - Antes denominada M'bango, contribuiu no passado colonial na formação de quadros que hoje prestam o seu contributo em vários sectores da vida nacional, com particular referência para o Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, uma destacada figura angolana no contexto da Igreja Católica.

Quedas dos Bem Casados - As quedas dos Bem Casados, localizadas no município de Cambundi Catembo. Local aprazível, dados estáticos apontam ao município, uma população estimada em 22.117 habitantes distribuídos em três comunas, nomeadamente Micanda, Mbanji ya N'gola e Cambo Suinjinji.

Cachoeiras de Kadiheke - Localizadas a dez quilómetros da sede municipal do Quela, trata-se de um importante ponto de atracção turística. A denominação Kadiheke, na língua nativa dos mbundu, uma das etnias do município do Quela, significa "cuidado, ver e calar” e remonta desde a época colonial. Esta designação era aplicada com o objectivo de impedir que os dominadores coloniais conhecessem o referido sítio turístico.

Pedras Negras de Pungo-Andongo - encontram-se a 116 km da cidade e são um espectáculo natural quase surrealista com pedras monumentais que se erguem por entre a vegetação. Segundo a lenda, a Rainha Ginga organizava no local as suas orgias e sessões de tortura dos seus oponentes. No local, estão marcadas na pedra as suas pegadas e do seu pai N'gola Kiluange.

Miradouro da Baixa de Cassanje – Situado no município do Quela, a 115 km da cidade de Malanje, tem uma vista de rara beleza. Local que permite observar pormenorizadamente a histórica região da Baixa de Kassanje, neste local, o visitante tem a excelente oportunidade para efectuar exercícios de meditação, por conta do silêncio e da pureza do ar. 

Teka dia Kinda - Localidade histórica da região da Baixa de Kassanje, dista a 130 quilómetros a leste da cidade de Malanje. Nesta região foram sepultados, em vala comum, centenas de camponeses angolanos mortos, durante a revolta de 4 de Janeiro de 1961, no massacre ocorrido na Baixa de Kassanje.

Quedas de Musselege - As Quedas de Musseleje, encontram-se localizadas na província de Malanje, as Quedas são de longe um dos lugares que mais atrai a atenção de todos que visitam a província de Malanje em busca de lazer. Muito por conta da Beleza natural das Quedas de Musseleje e o incrível ambiente de lazer que o lugar proporciona, a visita às Quedas, torna-se inesquecível.

Rápidos do Kwanza - Localizados na vila do município de Cangandala, são um cartão postal de enorme potencialidade turística, acolhendo visitantes de diversos pontos de Angola. É um encanto que prende as atenções de quem ama a natureza.

Ilha do Kwanza - Situada no município da Cangandala, tem locais propícios para banhos, e é também o local onde se pode avistar uma palanca negra gigante.

Igreja Metodista do Quéssua -  A Missão Evangélica do Quéssua (Malanje), afecta à Igreja Metodista Unida de Angola, classificado monumento histórico-cultural, com reconhecimento da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), está localizada na comuna com o mesmo nome. A Igreja Metodista Unida Central do Quéssua foi construída entre 1951 e 1953.

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