O Governo angolano está, neste momento, a desenvolver uma iniciativa que tem por objectivo dinamizar a concessão de crédito às Micro, Pequenas e Médias Empresas nacionais, com a perspectiva de 30 por cento vir a beneficiar projectos executados por mulheres.
O dinheiro disponível no mercado para as diversas operações comerciais e de pagamentos de outros bens e serviços, em 2023, registou uma subida de 34 por cento relativamente a 2022.
Por sua vez, o agregado monetário M2 (depósitos a prazo) em moeda nacional expandiu em 31,2 por cento, decorrente do efeito expansionista da execução fiscal.
Para a expansão monetária, contribuiu, igualmente, o crescimento do crédito ao sector privado em moeda nacional na ordem de 18,5 por cento, o que de certa forma impactou na procura efectiva da moeda estrangeira e, por conseguinte, influenciou no comportamento da taxa de câmbio.
O
comportamento da oferta de moeda estrangeira foi determinante no ano de 2023.
Os bancos adquiriram menos 37,1 por cento de moeda estrangeira comparativamente
a 2022, reduzindo a capacidade das operações.
Mercado cambial
O mercado cambial registou em 2023 grandes variações nas taxas, fruto da queda da oferta de moeda estrangeira, o que influenciou negativamente na gestão das expectativas dos agentes económicos.
Segundo o relatório do Banco Nacional de Angola (BNA) sobre a evolução do mercado cambial, essas variações tiveram um impacto profundo na formação da taxa de câmbio.
Assim, segundo o relatório, a taxa de câmbio do kwanza em relação ao dólar norte-americano passou de dólares/kwanzas 503,7 em Dezembro de 2022 para dólares/kwanzas 828,8 em Dezembro de 2023, representando uma depreciação acumulada de 39,2 por cento.
No final do período, a taxa de câmbio euro/kwanza registou uma depreciação acumulada de 41,3 por cento, passando de euros/kwanzas 537,4 em Dezembro de 2022 para euros/kwanzas 916,0 em Dezembro de 2023.
Face ao regime cambial actual, a taxa de câmbio resulta da interacção entre a procura e oferta de moeda estrangeira.
Com a queda da oferta, o documento sustenta que o curso de apreciação foi inter- rompido, registando-se uma depreciação no primeiro semestre de 2023, com incidência para os meses de Maio e Junho, cujas depreciações foram de 13,1 e 29,1 por cento, respectivamente.
No segundo semestre, a taxa mostrou-se relativamente estável, visto que os agentes económicos atingiram um nível de tolerância dos preços de transacção da moeda estrangeira consistente com a oferta.
Assim, com a depreciação registada na taxa de câmbio nominal, o hiato da taxa de câmbio real efectiva passou de -3,0 por cento no quarto trimestre de 2022 para 1 no segundo trimestre de 2023.
Do terceiro ao quarto trimestre de 2023, a Taxa de Câmbio Real Efectiva (TCRE) do kwanza face às moedas dos principais parceiros comerciais de Angola depreciou-se em 4,6 por cento, justificada essencialmente pela redução dos preços relativos em 6,2 por cento, como resultado da maior aceleração no ritmo do crescimento dos preços na economia nacional em relação ao observado nos seus principais parceiros comerciais.
Assim, registou-se uma
depreciação da taxa de câmbio nominal efectiva do kwanza em relação às moedas dos principais parceiros comerciais de Angola (TCNE) em cerca de 1,8 por cento, essencialmente explicada pela depreciação média da taxa de câmbio nominal do kwanza face ao dólar norte-americano em torno de 0,4 por cento.
Com este nível de apreciação da taxa de câmbio real efectiva, o hiato permaneceu em terreno positivo, registando uma ligeira redução ao passar de 1,7 por cento no terceiro trimestre de 2023 para 1,7 no quarto do mesmo ano, traduzindo-se numa subvalorização da moeda local em relação às demais moedas.
Conta de bens contrai 11,8 milhões de dólares
O comportamento do preço de petróleo nos mercados internacionais e das ramas angolanas, em particular, concorreu para uma arrecadação menor de receitas de exportação e, consequentemente, a diminuição das disponibilidades em moeda estrangeira no mercado cambial ao longo do ano de 2023.
De acordo com os dados preliminares das estatísticas externas, observou-se uma diminuição da conta de bens em 11, 8 milhões de dólares comparativamente ao ano de 2022.
Esta contracção deveu-se à redução das exportações de bens em 28,1 por cento, em particular de petróleo bruto (24,4), decorrente da queda no preço das ramas angolanas na ordem de 19,6 por cento, ao passar de um preço médio de 101,2 dólares por barril em 2022 para 81,3 por barril no ano em referência.
Já em termos trimestrais, de acordo com os dados preliminares da balança de pagamentos, no terceiro trimestre de 2023, o saldo da conta corrente manteve-se superavitário na ordem de 2, 5 mil milhões de dólares, equivalente a 12,1 por cento do PIB, registando um acréscimo de 2, 3 mil milhões de dólares em relação ao trimestre anterior.
Este nível da conta corrente deveu-se à recuperação das exportações em 17,3 por cento em relação ao trimestre anterior, não obstante se ter observado uma queda das importações em 4,1 por cento.
Para o alcance de um saldo positivo da conta corrente, concorreu, ainda o desagravamento do défice dos serviços, rendimentos e transferências correntes.
Por sua vez, a conta capital e financeira registou um défice de 2 milhões de dólares, face ao superavit de 327,3 milhões registado no trimestre anterior. Este comportamento é justificado, fundamentalmente, pelo comportamento do saldo dos outros capitais e dos capitais de médio e longo prazos. Registou-se, igualmente, uma redução no valor das importações em 12,6 por cento.
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