Os Estados Unidos da América lançaram, no quadro do reforço do pacote de ajuda financeira a Taiwan, Israel e Ucrânia, aprovado há dois dias pelo Senado, uma campanha para aumentar a pressão sobre Pequim em vários pontos, incluindo no apoio à Rússia, sem perder de vista a estabilidade nas relações bilaterais.
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera necessária uma investigação às valas comuns encontradas, nos últimos dias, sob os escombros de dois hospitais, na Faixa de Gaza, Al-Shifa e Nasser, frisou, ontem, Stéphane Dujarric, porta-voz do Secretário-Geral, António Guterres.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, pediu hoje demissão após uma forte pressão de políticos ligados ao Presidente do país, Jair Bolsonaro, que o acusam de obstruir o acesso às vacinas contra a covid-19, divulgou a imprensa.
A informação foi confirmada pelos 'media' brasileiros e pela agência Efe por fontes ligadas ao Governo, após um breve encontro que Araújo teve com Bolsonaro, que o convocou à sede do Governo para discutir a sua situação. O Governo brasileiro ainda não se posicionou oficialmente sobre o pedido de demissão e nem informou se aceitará ou não a renúncia.
Araújo tem sido alvo de críticas pela condução da política externa brasileira, considerada isolacionista até mesmo entre os seus subordinados dentro do Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasilia), e pela sua dificuldade em negociar com outros países a entrega de vacinas e consumíveis para fabrico de imunizantes contra a covid-19.
Ministro do Governo do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, desde o início (Janeiro de 2019), Araújo liderou uma guinada ultraconservadora na política externa estreitando as relações com os Estados Unidos da América durante o Governo de Donald Trump, orientou mudanças de posições históricas do gigante sul-americano em instituições multilaterais e promoveu embates com importantes parceiros comerciais do país, nomeadamente a China.
No caso da China, Araújo teve um atrito directo com o embaixador de Pequim no Brasil por comentários que questionavam a eficácia das vacinas produzidas naquele país e aludiam à origem do vírus, detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
No domingo, o ministro provocou uma nova onda de críticas ao insinuar nas redes sociais que parlamentares pressionavam a sua demissão para fazer 'lobby' em favor da participação de empresas chinesas no leilão do 5G, que deverá acontecer no meio do ano, citando directamente a presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu.
"Em 4/3 recebi a Senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE [Ministério das Relações Exteriores]. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: 'Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado'. Não fiz gesto algum", escreveu Araújo. "Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria", acrescentou o ministro demissionário.
Após a publicação, a senadora Kátia Abreu divulgou uma nota frisando que "o Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos factos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições."
A senadora acrescentou que "se um Chanceler [ministro das Relações Exteriores] age dessa forma marginal com a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República de seu próprio país, com explícita compulsão belicosa, isso prova definitivamente que ele está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira". "Temos de livrar a diplomacia do Brasil de seu desvio marginal", concluiu Kátia Abreu. Um grupo de senadores estava a recolher assinaturas para apresentar, ainda hoje, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de destituição de Araújo.
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