Reportagem

Obras de requalificação da avenida “Deolinda Rodrigues” na recta final

Winnie António e Sandra da Silva

Estrada com um enorme congestionamento de viaturas e cones nas partes laterais são os sinais visíveis na avenida Deolinda Rodrigues, partindo do Largo da Independência até à vila de Viana.

23/10/2023  Última atualização 10H36
© Fotografia por: João Gomes | Edições Novembro

Camiões de areia, gruas, cilindros e  máquinas pavimentadoras são  manuseados por homens trajados de ccoletes de cor verde. As obras incluem a montagem dos novos separadores e estão enquadradas no programa de inauguração do Aeroporto Dr. António Agostinho Neto.

Roberto Corrêa, encarregado geral de obras da empresa que execcuta os trabalhos (Afavias), disse que a reconstrução está a ser feita desde o mês de Julho. As obras, notou, começaram no Kilómetro 25 e vão até ao Largo da Independência, com a colocação de separadores mais fortes e altos, e boa parte da estrada está a ser pavimentada e terá uma sinalização melhor.

"Estamos com 80 por cento para terminar estas obras. Elas estão a ser feitas no âmbito da inauguração do novo aeroporto e serão entregues até ao dia 6 de  Novembro, para a inauguração” , revelou o encarregado.

Roberto Corrêa garantiu ser uma obra de qualidade e de durabilidade para todos os luandenses. Mas alerta os automobilistas a terem mais responsabilidade na condução e prestarem mais atenção à sinalização, para evitar  buracos e separadores desfeitos, enquanto decorrem as obras.

"Estamos a fazer um bom trabalho, embora esteja a causar  engarrafamentos por conta do estreitamento da estrada. Barramos boa parte da via com os cones, para  montar os separadores. O camião grua de um lado retira o posto, no outro  fica obstruída. Ficamos com uma faixa em cada sentido. E onde fica mais estrangulado, o trânsito fica pior.  Estamos a trabalhar para que se tenha uma via de melhor qualidade e esperamos a colaboração dos automobilistas”, apelou.

 
Automobilistas e passageiros reclamam da demora das obras

Caras trancadas e irritadas era o que se via nos automobilistas, sobretudo taxistas, devido ao congestionamento que as obras de requalificação estão a causar.

Muitos condutores  e passageiros reclamam que já estavam há mais de duas horas no trânsito e estavam atrasados para o trabalho e outros afazeres. 

Justino Camela, de 40 anos, é taxista há dez anos. Considerou que as  obras de requalificação estão a demorar muito, dificultando os seus trabalhos e a vida dos passageiros,  devido ao engarrafamento.

 "As obras estão a dificultar o nosso trabalho. Reconheço que é para o bem de todos os automobilistas, mas a demora é muita. Estas obras estão há sensivelmente três meses  por ser requalificação não há necessidade das obras durarem tanto tempo. Às vezes somos obrigados a fazer linhas curtas por causa destes constrangimentos. Nós carregamos, e só mesmo da Bela Vista até à vila de Viana ficamos  três a quatro horas no trânsito,  quando na  verdade a pessoa podia fazer dez a quinze  minutos para chegar ao destino. Por causa disso, acabamos por cobrar um valor acima do normal. Espero que acabem logo, para voltarmos à nossa rotina habitual”, apelou. 

Rafael Dias, outro taxista, reconhece que a requalificação é uma mais-valia, mas nota que enquanto durarem as obras  o congestionamento piora a cada dia que passa. "Para sair da Shoprite até aos Congoleses pode demorar mais de duas horas, porque todos queremos passar ao mesmo tempo, ninguém quer esperar”, lamentou.

O automobilista Bonifácio Silva, que faz o trajecto Zango 3-Mutamba, contou que para chegar cedo ao trabalho tem que sair de casa às 5horas para não apanhar o engarrafamento na "Deolinda Rodrigues”.

 Fátima de Oliveira , passageira, explicou que desde que  as obras começaram tem chegado muito tarde  ao serviço. O seu chefe já está  irritado com os atrasos constantes, tendo ameaçado tomar medidas caso continue a chegar tarde. Acrescentou que os taxistas estão a fazer linhas curtas e uns aumentam os preços da viagem.

Francisco  António,  20 anos,  estudante do Instituto Médio de Economia de Luanda(IMEL), explicou que tinha prova marcada às oito horas de Língua Portuguesa, mas não chegou a tempo por culpa do  engarrafamento que nos últimos meses tem havido na estrada, mesmo saindo cedo de casa.

Junto à pedonal da vila de Viana, o Jornal de Angola flagrou um caso de tentativa de burla. Um indivíduo de aproximadamente 58 anos intimidava o filho de dona Maria, de apenas 12 anos, que estava na bancada sozinho a vender legumes e hortaliças, negócio da mãe, que se ausentou por uns minutos, quando surge o matulão a querer levar o tomate sem pagar, acusando o menino de ter recebido o dinheiro sem que este fizesse a entrega  dos produtos. Tudo mentira. Instalou-se o caos à volta da bancada, muitas pessoas se aproximaram e a mãe do menino correu para ver o que se estava a passar.

O caso se resolveu quando um agente da polícia de trânsito apareceu e as coisas foram esclarecidas. O ladrão  saiu daí todo envergonhado por ter sido descoberto. As senhoras gritavam "mais velho gatuno e bandido, queria roubar uma criança”. 


Dificuldades com os automobilistas

O fiscal  de obras António Teixeira explicou que estão a ter dificuldades por parte dos automobilistas e principalmente os taxistas, que muitas vezes não entendem o valor dos trabalhos que estão em curso.

"Trabalhamos em regime de turno, das 7 às 18 horas. O período nocturno, que é formado por duas equipas, uma que trabalha de noite e outra de madrugada, fazem a remoção do asfalto e aplicam o novo  com direito a frisagem”, esclareceu.

O maior desafio, segundo António Teixeira,  é trabalhar durante a noite com pouca iluminação na via, pois os automobilistas, quando abusam do álcool, conduzem mal e excedem a velocidade.

António Teixeira contou que já presenciou vários acidentes desde que começou a obra. Assistiu ao acidente de um motoqueiro em excesso de velocidade que perdeu os travões e embateu num camião que estava estacionado na berma da estrada. Partiu o braço e a perna, mas há informações que está a recuperar e já se encontra em casa. 

Manuel dos Santos, que coordena um grupo  de 22 homens, referiu que o mais importante é a união entre o colectivo de trabalhadores para que se tenha um trabalho de qualidade. "Estamos sempre unidos e conseguimos vencer o trabalho dia após dia.  Estou a liderar uma equipa de 22 pessoas, um pedreiro e três ajudantes, os demais são operadores. Tenho a responsabilidade de os orientar e gosto do trabalho feito por eles. É a primeira vez que trabalho aqui em Luanda, estou a gostar, pois eles obedecem sempre às minhas ordens”, ressaltou.


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