A selecção terá de ir ao encontro das suas ambições e tentar encerrar com vitória, o ciclo de amistosos em terras magrebinas.

A ausência de pedras nucleares dá a oportunidade aos disponíveis de provarem que há esperança para o futuro, assim nada melhor do que um triunfo carregado de esperança, para tranquilizar os adeptos nacionais, que faça sol faça chuva estão sempre ao lado das Palancas Negras.

As Comores, ainda estão a engatinhar no futebol continental, mas aqui e ali conseguem deixar alguns sinais de alerta, que não podem e nem devem ser ignorados. É uma selecção com alguma margem de crescimento. A bem da verdade, a equipa nacional tem de colocar as suas barbas de molho, porque o adversário conseguiu algumas proezas nos últimos anos, que indiciam um crescimento real, que não pode ser ignorado por quem é competitivo.

A goleada que esta selecção infligiu na sexta-feira ao Uganda, 4-0, seguramente já chegou aos ouvidos de Angola. Se os ugandeses, que num passado recente foram dos adversários mais indigestos da equipa nacional, foram humilhados sem dó nem piedade, é porque alguma coisa boa estes Celacantos, nome oficial dos Comores, têm.

O crescimento das Co-mores fica evidente pelos inesperados resultados surpreendentes que consegue obter, sobretudo quando ninguém espera. Assim, este triunfo gordo no particular com o Uganda, vai ao encontro daquilo que os ilhéus querem tentar fazer crer, que é sua sina ombrear com os melhores do continente.

Por exemplo, no apuramento ao CAN 2021, Comores terminou com menos 3 pontos que o Egipto, qualificou-se à custa do Quénia e Togo, tradicionalmente selecções muito mais conceituadas. Para dissipar dúvidas, na sua estreia no Campeonato Africano conseguiu chegar aos oitavos-de-final como um dos terceiros melhores classificados, graças ao histórico 3-2 sobre o Ghana, que foi o último da série com um ponto. Através das estatísticas, as Palancas Negras podem ver quanto terão de suar para colocar em sentido as Comores. O apito ainda não soou, mas o adversário como que está a atiçar com antecedência o espírito competitivo da equipa nacional, uma atitude sensata que deve ser muito bem aproveitado por Angola, ainda mais, porque os Comores querem provar que podem ser mais do que serem um mero bombo de festa.

À semelhança de muitas selecções africanas, incluindo Angola, Comores também tem olhado de forma favorável para a diáspora, para recrutar bons reforços, sobretudo em França. Se até na hora de copiar os bons exemplos o adversário demonstra estar bem atento e com vontade de aprender, é justo que os angolanos façam tudo, ao seu alcance, para sobressairem em campo.

A exibição fica sempre condicionada pelo pouco tempo de treino, mas como esta condicionante afecta também o adversário, o mais importante é que as Palancas Negras nunca se esqueçam do que é prioritário esta noite. Realmente, o resultado está acima de tudo, é condição indispensável que a selecção se acostume a ganhar até mesmo a feijões, para cultivar hábitos úteis para o futuro.

O brilharete no CAN 2023 ainda está nos dentes dos adeptos nacionais, certamente a nação futebolística está na expectativa de ver que motivo de alegria vai receber deste derradeiro jogo particular. A selecção elevou a fasquia, por conseguinte, não pode fugir daquilo que é capaz de fazer e ninguém ainda está a pedir o céu e a terra, apenas que Angola dê o seu melhor, sem espinhas, contra as Comores.