Política

Presença do país influencia decisões na União Africana

Pedro Ivo

Jornalista

Ao Jornal de Angola, o docente universitário e especialista em Governação e Políticas Públicas Daniel Tendo disse, ontem, que o país tem a “soberana oportunidade” de demonstrar a todo o continente e ao mundo o posicionamento diante dos grandes temas da agenda da paz e segurança em África.

23/02/2024  Última atualização 10H39
1 - Docente Daniel Tendo 2- Especialista Zinga Suama - 3- Político Osvaldo João © Fotografia por: DR
Para Daniel Tendo, o conflito no Leste da RDC, envolvendo o Exército congolês e o Movimento M23, vai constar nas prioridades de Angola, enquanto membro deste órgão da UA. "Esta eleição coincide com um contexto de bastantes desafios para a diplomacia africana e Angola, sendo um Estado experiente na resolução de conflitos, agregará, de certeza, valor e conhecimentos para que se encontrem soluções pacíficas”.

O académico considerou que a presidência rotativa de Angola na UA, a partir de 2025, "é um feito singular” a nível da diplomacia e ocorre num período "vibrante e bastante actuante, em termos de resolução de conflitos”.

Com o capital político e económico que o país possui, segundo o especialista, África terá uma organização mais presente nos debates sobre os grandes temas do continente, destacando uma maior actuação em torno da resolução dos conflitos, os golpes inconstitucionais, a fome e a pobreza, a integração económica e modelos de exportação, as alterações climáticas, o terrorismo, as grandes endemias e epidemias.

"Em termos políticos, essa posição legitima Angola como uma potência regional, que tem contributos inequívocos para o continente africano e para o mundo”, realçou Daniel Tendo.

Novo paradigma social e político

De acordo com o membro do Comité de Referência Juvenil da UA, Osvaldo João, é importante que Angola, na qualidade de vice-presidente da organização continental, trabalhe para que não seja um país visto em questões de conflitos sociais e comece a olhar para o novo paradigma sociopolítico.

"Se Angola optar por este mecanismo, estaríamos a trabalhar em prol de todos, fazer uma governação participativa, em que a população tenha voz e privilégio de poder dar a entender as reais necessidades da juventude e do povo, para os interesses do país”, sublinhou Osvaldo João. O especialista defende que Angola trabalhe como um exemplo para as instituições angolanas e africanas, em questões de governação, paz e segurança. Osvaldo João apelou, por isso, ao Executivo a olhar para a nomeação como um destaque, pois vai salvaguardar os interesses dos angolanos, bem como mostrar ao mundo que ganhou a confiança da União Africana.

Participação activa nas decisões administrativas

Já a especialista e membro da 4ª Assembleia Geral Permanente do Conselho Económico Social e Cultural da União Africana (ECOSOCC), Zinga Suama, apontou que a eleição de Angola à vice-presidência da União Africana oferece a oportunidade de o país participar activamente das decisões administrativas e políticas da organização.

Relativamente às decisões administrativas, explicou, uma das responsabilidades da vice-presidência é garantir um funcionamento eficaz e eficiente dentro da Comissão da UA.

"Estou confiante que esta eleição trará benefícios para os cidadãos angolanos, pois lidando com processos administrativos, Angola estará directamente inteirada com os processos de recrutamento e selecção de candidatos dentro da Comissão da União Africana”, destacou.

Quanto às decisões políticas, Zinga Suama frisou que Angola tem a oportunidade de participar das resoluções do continente como vice-presidente, colocando-se numa posição de liderança e influência.

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