A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Kaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
O resgate dos valores morais e cívicos, bem como a preservação da cultura são processos que devem iniciar no seio da família, por ser o núcleo de qualquer sociedade, defendeu o director do Gabinete Provincial do Uíge da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, Gomes Lino Costa, na entrevista que a seguir se publica.
É
com muita seriedade e preocupação, pois não há um povo sem identidade cultural.
A cultura é uma bandeira, é uma origem, é uma identidade inalienável que todos
devem carregar. O resgate dos valores morais e culturais é tarefa de toda a
sociedade, mas devendo, em primeira instância, partir do seio das famílias,
além do papel que outros actores sociais devem igualmente exercer, como são os
casos das autoridades tradicionais, professores e líderes religiosos.
Estão a ocorrer muitos fenómenos contrários aos valores culturais endógenos?
Nos
dias de hoje, estão a ocorrer muitos fenómenos sociais que representam desvios
comportamentais e que trazem práticas nocivas no seio das famílias. Estou a
falar, por exemplo, do abuso sexual contra menores, o incesto e outros
fenómenos que estão a ser encarados com muita preocupação e como um problema
social.
As novas tecnologias e o uso das redes sociais têm alguma influência nisso?
O
desvio comportamental está, também, associado ao mau uso das redes sociais,
porque a influência digital leva o indivíduo a optar por um comportamento que
pode ser bom ou mau. Daí o nosso apelo aos progenitores, para não darem
liberdade total aos filhos no uso das redes sociais. É fundamental que haja
limites.
A nível do sector que dirige, o que está a ser feito para se evitarem os desvios comportamentais?
Estratégias
existem e se consubstanciam, fundamentalmente, na realização de acções de
sensibilização dirigidas à juventude. As famílias, as autoridades tradicionais
e religiosas, como digo sempre, têm um papel preponderante neste processo. O
Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, com os seus
parceiros, com destaque para o Conselho Provincial da Juventude, realiza
algumas acções neste domínio. Por exemplo, um dos elementos principais é
olharmos para o actual estado da juventude, em termos de comportamentos
desviantes. Queremos, com isto, congregar jovens de vários estratos sociais, de
modo a alertá-los sobre as consequências nefastas da má conduta.
Como está a província do Uíge quanto ao uso das línguas nacionais?
O
Uíge está bem neste quesito. Os habitantes falam e conservam as suas línguas
locais. Neste momento, embora não seja de uma forma abrangente, já temos
algumas localidades da província onde os professores ensinam na língua Kikongo.
Isto indica que estamos a preservar a nossa língua local. Vamos continuar a
criar soluções para a eficácia deste processo, apesar da influência das novas
tecnologias de informação, que estão a retirar um pouco o papel das autoridades
tradicionais na transmissão de hábitos e costumes nas nossas comunidades.
Que factores influenciam o processo de conservação da cultura no Uíge?
São
vários os elementos que podemos citar. Vamos destacar o alembamento, que tem
sido uma das obras-primas em várias famílias da etnia Kikongo. Por exemplo,
quem pretender uma mulher nos municípios de Quimbele, Maquela do Zombo, Milunga
e Damba, só para citar alguns, o alembamento é um elemento característico e
obrigatório para uma união familiar. Destacamos estes municípios, onde se pode
constatar a conservação dos hábitos e costumes adquiridos a partir dos
ancestrais.
Ainda assim, há muitos jovens que formam os seus lares sem observar este dever tradicional…
Isso
tem muito a ver com a globalização. Se olharmos para as populações que vivem em
zonas urbanas, e fazendo uma análise comparativa com as comunidades, que vivem
mais afastadas das cidades, vemos que encaram este elemento cultural, o
alembamento, de forma diferente. Quem está na cidade acha pejorativo trazer a
realidade dos nossos antepassados, que é o alembamento, mas para as pessoas que
vivem nas comunidades rurais, isso faz parte dos usos e costumes e o seu
cumprimento é obrigatório.
Qual é a realidade do teatro na província?
O
teatro na província está em crescimento. Se olharmos um pouco para o passado,
vamos recordar que o Uíge tinha menos de cinco grupos teatrais. Temos,
actualmente, um registo de mais de 50 grupos teatrais, apesar de que grande
parte precisa de incentivos para dinamizarem
as suas actividades.
O que significa o prémio arrebatado pelo Grupo MZ-Teatro?
O
grupo MZ-Teatro arrebatou, recentemente, o Prémio Nacional de Cultura e Artes
em Teatro. Este prémio chama à responsabilidade de todos os agentes culturais
na província do Uíge, para trabalharem cada vez mais e melhor, porque o prémio
demonstra que houve um crescimento.
Como avalia a música produzida na província?
Há,
nesta altura, boa música folclórica, Kizomba e Gospel, a ser tocada e cantada
no Uíge. Estamos a crescer neste domínio. Diariamente surgem novos talentos que
demonstram alguma capacidade, em termos de composições musicais. Nos últimos
tempos, estão também a surgir alguns
estúdios musicais, não obstante muitos não estarem ainda reconhecidos. Mas
estão sob o controlo dos nossos agentes da Acção Cultural, que fiscalizam a
qualidade das mensagens veiculadas pelos músicos.
Qual tem sido o papel do estúdio em homenagem ao músico Socorro?
O
estúdio "Socorro” é um investimento do Governo da Província, que está
localizado no quintal do Museu Etnográfico do Uíge. É público, todos os utentes
que quiserem fazer uso têm as portas abertas até aos finais-de-semana. Tem
condições para se gravar boa música, bem como serviços publicitários. Mas, como
sabe, para manter os equipamentos operacionais, é necessária uma manutenção periódica
e não tendo uma rubrica voltada para esta finalidade, é importante que se faça
uma comparticipação para manter os equipamentos em funcionamento. Não se
praticam preços de mercado, mas sim, uma comparticipação simbólica.
Qual é o estado da dança na província?
Vários grupos de dança estão a fazer o registo no nosso Gabinete e posso assegurar que estamos no bom caminho. Quero, contudo, alertar à classe artística, no sentido de se organizar em associações, porque as associações são parceiras directas do Estado. Isso ajudaria na organização de manifestações culturais e os filiados serem inseridos na Segurança Social.
O plano de acção do Gabinete da Cultura para este ano tem, como uma das bandeiras, juntar os artistas à mesma mesa, no sentido de os persuadir em relação à necessidade de haver maior organização.
"Museu
Etnográfico aguarda pelo estatuto
orgânico”
Como
é que está o projecto de recuperação do acervo do Museu Etnográfico do
Uíge?
É um
trabalho que já começou e continua. O levantamento está concluído e aguarda-se
pela aprovação do seu Estatuto Orgânico, cujos trabalhos estão na fase final. A
aprovação deste Estatuto vai trazer um elemento muito importante, que é a
criação de uma estrutura que vai fazer funcionar o museu de forma autónoma. O
Estatuto vai, igualmente, permitir a nomeação de um director, chefes de
departamento e de outras secções. Quando isso estiver concluído, os
responsáveis vão trabalhar na recuperação acelerada deste acervo museológico.
Quantas peças existem no museu?
O
nosso museu conta, actualmente, com 300 peças museológicas e mais de mil
livros, porque o museu do Uíge comporta, também, uma biblioteca, a primeira
pública que conheço na nossa província, enquanto alguém ligado à Cultura.
Existem peças fora do museu e que precisam de ser recuperadas?
Precisamos
recuperar cerca de dez peças que estão à espera de restauração, muitas das
quais na fase final. São peças açambarcadas por terceiros, mas graças ao
testemunho de algumas pessoas, foi possível chegar até onde estavam as peças e
negociar o seu retorno. As que se encontram fora do país, o processo é o
mesmo. Temos estado a interagir com as
nossas fontes.
Tem havido interesse nas pessoas em visitar o museu?
A
adesão é satisfatória. Diariamente, recebemos visitas. Elaboramos um programa, para facilitar as
instituições públicas, privadas e pessoas singulares saberem um pouco mais
sobre o nosso acervo cultural.
Sobre o turismo, como é que a província do Uíge está?
Somos
uma província abençoada em termos de recursos naturais, temos, neste momento,
mais de cem locais turísticos já catalogados e o processo de catalogação de
novos sítios prossegue, de modo a agregarmos valor acrescentado ao que já
existe.
Que políticas públicas existem para a dinamização do turismo?
A dinamização do turismo na província passa pela divulgação do seu potencial. Temos vários recursos turísticos naturais já localizados e que precisam de ser explorados e divulgados. Por isso, o gabinete local da Cultura está a criar condições favoráveis para a abertura de um centro de informação turística e a capacitação de guias turísticos, de modo a facilitar os interessados no acesso aos vários encantos existentes na região. O centro estará ligado ao Gabinete da Cultura e poderá funcionar no Museu Etnográfico do Uíge.
Para
o funcionamento do centro, o Gabinete está a criar um roteiro turístico, onde
vão constar todas as imagens e informações de locais turísticos da província,
como a localização geográfica, distâncias e a natureza de cada um dos sítios. O
roteiro depois da sua conclusão será,
também, distribuído nas unidades hoteleiras, de modo a que o turista antes de
chegar ao centro de informação, em qualquer hotel onde estiver possa entrar em
contacto com algumas informações preliminares. A par disso, vamos formar guias
turísticos que conhecem os locais e o histórico de cada zona. Neste momento,
contamos apenas com dez guias já capacitados, número inferior para se dar
resposta às necessidades.
Quais são os locais que mais chamam atenção aos turistas?
Temos
a Lagoa do Tedi Tedi e a Gruta do Mpambo - a Nsinga Nzambi, ambos no município
do Bembe; a Gruta do Nzenzo, que é o maior cartão postal da província, por ter
sido eleita uma das Sete Maravilhas de Angola, no município de Ambuíla; as
quedas de água na comuna do Wando, no Mucaba, o Cemitério dos Reis, as figuras
rupestres de Cabala, a Lagoa do Feitiço, no município do Quitexe, a Lagoa do
Mufututo, no município do Songo, entre outros.
Há condições para a mobilidade dos turistas?
Este
é um dos grandes problemas. Sabe-se que temos dificuldades de acesso em algumas
localidades. Recentemente, fizemos a catalogação de alguns pontos turísticos,
cujos acessos são precários, como o caso
das quedas do rio Luanga, na localidade de Camancoco, município do Uíge.
Recebemos garantias de que será feita uma intervenção rápida na referida via,
bem como do troço de três quilómetros do Cabari até ao rio Luanga, porque são
recursos turísticos muito próximos da cidade do Uíge.
O Governo trabalha em colaboração com agências de turismo?
Sim.
Temos, neste momento, a surgirem duas ou três agências de turismo e estamos a
fazer contactos com a Tregogel, que é uma das maiores agências turísticas e com
ela temos um "expert” em turismo. Costumamos dizer, nos meandros turísticos,
que o senhor Cândido Carneiro, proprietário desta agência, conhece o país e a
nossa ideia é trazê-lo ao Uíge.
Existem políticas públicas que possam apoiar as iniciativas dos empresários que pretendem investir neste domínio?
Sim,
políticas existem, julgo que falta, por parte dos empresários, o espírito de
iniciativa. Tenho dito que o importante é começar, para depois o governo quando
olhar a iniciativa do empresário, decidir se pode ou não apoiar. Por exemplo, a
construção de um pequeno restaurante, um resort ou esplanadas, são iniciativas
boas que podem merecer um impulso, por parte do governo local.
Sobre a juventude, que políticas estão a ser implementadas para dar resposta às várias inquietações, sobretudo no domínio da habitação?
No
âmbito dos vários programas do Governo, a juventude não foi esquecida. Por
exemplo, se olharmos para o programa habitacional, grande parte dos
beneficiários na Centralidade Horizonte do Quilomosso são jovens. O projecto do
Catapa, apesar de não ter terminado, deu moradia a muitos jovens. Face a isso,
o Governo provincial concebeu um projecto de loteamento de terrenos em algumas
reservas fundiárias, sobretudo na sede municipal do Uíge, onde os jovens já
começaram a beneficiar dos terrenos, para a auto-construção dirigida.
E em que ponto estão as obras de construção da Casa da Juventude?
A
obra está a bom ritmo. Recentemente, o governador provincial, José Carvalho da
Rocha, terá, até, convidado jovens de vários extractos sociais a visitarem as
obras de construção da Casa da Juventude e da Mediateca. Estamos a trabalhar no
sentido de resolvermos a carência de salas de teatro, por isso, dentro de dias
vamos trabalhar na recuperação de algumas salas já existentes na região.
PERFIL
Nome completo: Gomes Lino Costa
Filiação: António Costa e Isabel Lino
Formação académica: Licenciatura em Língua Portuguesa pelo Instituto Superior de Ciência da Educação do Uíge (ISCED)
Outras
Formações: Formado em Artes Cênicas, pela Escola de Artes da Baía, no Brasil e
pela Companhia de Artes Horizonte Njinga-Mbandi, em Luanda. É, também,
jornalista de profissão.
Funções: Já exerceu, entre outras funções, as de chefe do Departamento de Comunicação Institucional e Imprensa do Governo da Província do Uíge, chefe do Departamento do Turismo do Gabinete Provincial do Uíge da Cultura e administrador municipal-adjunto do Uíge para a Área Social
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LoginEm entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
Assume-se como uma jornalista comprometida com o rigor que a profissão exige. Hariana Verás, angolana residente nos Estados Unidos da América há mais de 20 anos, afirma, em exclusivo ao Jornal de Angola, que os homens devem apoiar as mulheres e reconhecer que juntos são mais fortes e capazes de construir uma sociedade equitativa e próspera. A jornalista fala da paixão pela profissão e da sua inspiração para promover as boas causas do Estado angolano, em particular, e de África, em geral.
Por ocasião do Dia Nacional da Juventude, que se assinala hoje, o Jornal de Angola entrevistou o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Isaías Kalunga, que aconselha os jovens a apostarem no empreendedorismo, como resposta ao desemprego, que continua a ser uma das maiores preocupações da juventude angolana.
No discurso directo é fácil de ser compreendida. Sem rodeios, chama as coisas pelos nomes e cheia de lições para partilhar com as diferentes áreas e classes profissionais. Filomena Oliveira fala na entrevista que concedeu ao Jornal de Angola em Malanje sobre a Feira Agro-industrial, mas muito mais da necessidade de os organismos compreenderem que só interdependentes se chegará muito mais rápido aos objectivos.
O embaixador de Angola na Côte D'Ivoire, Domingos Pacheco, reuniu-se, esta sexta-feira, em Luanda, com empresários e instituições angolanas, com os quais abordou questões de cooperação económica e de investimentos.
Dois efectivos da Polícia Nacional foram, quinta-feira, homenageados, pelo Comando Municipal de Pango Aluquém, por terem sido exemplares ao rejeitarem o suborno no exercício das actividades, na província do Bengo.
Vasco Lourenço, um dos capitães de Abril que derrubaram a ditadura salazarista há 50 anos em Portugal, foi hoje recebido em Lisboa pelo Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de Presidente da Associação 25 de Abril.
A responsável pela Secção de Crimes contra o género da Polícia Nacional, Intendente Sarita de Almeida, realizou, quinta-feira, em Juba Central Equatorial State, no Sudão do Sul, um Workshop sobre Direitos Humanos e Protecção Infantil.