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Rebeldes dispostos a aceitar cessar-fogo

As forças rebeldes que se opõem ao processo de transição, actualmente em curso no Tchad, disseram estar dispostas a aceitar um cessar-fogo de duas semanas, no mesmo dia em que a União Africana exigiu que seja restaurado o domínio civil no país

26/04/2021  Última atualização 04H55
As forças rebeldes opõem-se ao processo de transição liderado por Mahamat Idriss Déby © Fotografia por: DR
O líder dos rebeldes no Tchad, Mahmat Mahadi Ali, manifestou disponibilidade para cumprir um cessar-fogo, duas semanas depois de ter lançado uma ofensiva contra o regime no país, segundo foi revelado, ontem,  pela AFP. "Manifestámos a nossa abertura para uma trégua, um cessar-fogo, mas ontem de manhã fomos novamente bombardeados. Não podemos respeitar uma trégua unilateralmente. Uma trégua deve ser feita de ambos os lados”, afirmou Mahadi Ali, do grupo rebelde FACT (‘Front for Change and Concord in Tchad’).  Sobre o processo de transição, o líder dos rebeldes, Mahmat Mahadi Ali, falou num esforço de "diálogo inclusivo”.

"Estamos em sintonia com a oposição e a sociedade civil, que exigem um diálogo inclusivo”, disse em declarações à AFP.  O país vive num clima de instabilidade, agravada pela morte do Presidente, Idriss Déby Itno, ocorrida na terça-feira, enquanto comandava o Exército tchadiano na luta contra os rebeldes no Norte do país.

Há 30 anos no poder, Déby tinha sido reeleito para um mandato de seis anos, em eleições presidenciais realizadas a 11 de Abril, dia em que o grupo rebelde FACT lançou uma ofensiva a partir das suas bases de retaguarda na Líbia.

O Exército tchadiano anunciou que tinha provocado mais de 300 baixas entre os rebeldes, mas o Presidente acabou, também, ferido e morreu em batalha. Após o anúncio da morte do Presidente, os militares, que têm agora o poder no Tchad, revelaram a intenção de realizar eleições "livres e democráticas” após um "período de transição” de 18 meses, em que o país será liderado por um conselho militar.
Esse conselho militar é presidido pelo tenente-general Idriss Déby Itno, filho do falecido Presidente.

 
UA pede entrega de poder aos civis
No sábado, a  União Africana (UA) pediu a restauração do domínio civil no Tchad, onde o general Mahamat Idriss Déby assumiu o poder após a morte do pai Idriss Déby Itno. Segundo a Reuters, em comunicado, o Conselho de Paz e Segurança da UA, expressou a sua "grave preocupação” com a criação de um Conselho Militar chefiado pelo filho do falecido Presidente, Idriss Déby Itno.

No funeral, realizado na sexta-feira em N'Djamena, o Presidente francês Emmanuel Macron, apelou ao novo Governo para promover "estabilidade, inclusão, diálogo e transição democrática”. Mahamat Idriss Déby, de 37 anos, que dissolveu a Assembleia Nacional e o Governo, tem plenos poderes, mas prometeu novas instituições após eleições "livres e democráticas” dentro de ano e meio.

Ontem, a Polícia cercou a sede de um partido político da oposição, "Os Transformadores”, segundo denunciou o seu líder, Succès Masra. "O mundo, portanto, vê que o sistema não mudou, e eles nem sequer têm a elegância do tempo de luto que ainda respeitamos”, indignou-se Succès Masra na sua conta no Twitter. A mensagem de Masra é acompanhada por fotos que mostram, pelo menos, quatro veículos da Polícia ao redor do edifício em causa.

Succès Masra, já havia dito que estava em marcha  "um golpe de Estado no Tchad, associado ao desejo de transmissão do poder do pai para filho, violando a Constituição (no  artigo 82º ) e da Carta da União Africana (artigo 23º ) sobre a democracia, ratificada pelo Tchad”.

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