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Rebeldes hutus negam ter morto embaixador

Os rebeldes hutus rwandeses das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR) negaram, ontem, serem os autores do ataque que provocou, segunda-feira, a morte do embaixador de Itália na República Democrática do Congo (RDC).

24/02/2021  Última atualização 12H09
Momento em que o diplomata era transportado para hospital © Fotografia por: DR
Numa nota enviada à AFP, as FDLR pediram ainda às autoridades congolesas e à Missão da ONU no país, a Monusco, que esclareçam as responsabilidades deste "ignóbil assassinato”, em vez de fazerem "acusações precipitadas”.
Os rebeldes rwandeses afirmam que "o comboio do embaixador foi atacado numa área chamada de 'trois antennes (três antenas)' perto de Goma, na fronteira com o Rwanda, não muito longe de uma posição das FARDC (Forças Armadas da RDC) e das Forças de Defesa do Rwanda (Exército do Rwanda). "A responsabilidade deste assassínio ignóbil deve ser procurada nas fileiras desses dois exércitos", acusaram as FDLR.

Durante a tarde de segunda-feira, o Ministério do Interior da RDC acusou rebeldes hutus das FDLR de estarem por detrás do ataque que matou o embaixador italiano. O Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, condenou nos termos mais fortes possíveis o "ataque terrorista" a uma missão do Programa Alimentar Mundial, que resultou na morte de três pessoas, incluindo o embaixador italiano no país.

Numa mensagem lida à noite na televisão nacional pelo seu porta-voz e citada pela agência France-Press (AFP), o Chefe de Estado congolês, Félix Tshisekedi, classificou o acto como bárbaro, hediondo e prometeu responsabilizar os culpados.
Tshisekedi pediu também, à semelhança do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, uma investigação para que os autores dos ataques sejam "identificados e levados à Justiça".

O Executivo da RDC prometeu já fazer "todo o possível para descobrir quem está por detrás" do "vil assassínio" do embaixador italiano em Kinshasa, Luca Attanasio.
Attanasio foi morto a tiro num ataque armado a um comboio do PAM, durante uma visita perto de Goma, no Leste da RDC, segundo fontes diplomáticas. Luca Attanasio, que desempenhava as funções de embaixador na República Democrática do Congo desde início de 2018, foi "alvejado no abdómen e "resgatado” pelos guardas do Instituto Congolês para a Conservação da Natureza (ICCN)" no Virunga Park, segundo as autoridades congolesas.

Além do embaixador, duas outras pessoas morreram no ataque: o condutor congolês do PAM e o guarda-costas italiano do embaixador, segundo fontes congolesas e italianas citadas pela AFP.
O ataque ocorreu em terreno montanhoso e densamente arborizado ao Norte de Goma, capital de Kivu do Norte, no Território de Nyiaragongo - uma das partes mais perigosas do país. Alguns dos fundadores do grupo hutu estiveram envolvidos no genocídio do Rwanda em 1994, durante o qual a maioria hutu matou 800 mil pessoas, principalmente tutsis, mas também moderados hutu. O grupo opõe-se ao actual Governo do Rwanda, mas não lançou nenhuma ofensiva neste país desde 2001.

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