Política

Tshisekedi aceita abordar a crise no Leste da RDC com Paul Kagame

César Esteves

Jornalista

O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, aceitou sentar-se à mesma mesa, nos próximos dias, com o homólogo do Rwanda, Paul Kagame, para encontrarem uma solução para a crise de paz e segurança no Leste da RDC, cuja tensão subiu de intensidade.

28/02/2024  Última atualização 08H56
Chefe de Estado manteve encontro com o homólogo da República Democrática do Congo no Palácio Presidencial © Fotografia por: Contreiras Pipa| Edições Novembro
A preparação do encontro é uma iniciativa do Presidente João Lourenço, na qualidade de medianeiro designado pela União Africana para tratar daquele problema.

Félix Tshisekedi confirmou a presença no acto durante o encontro que manteve, ontem, em Luanda, com o estadista angolano, no Palácio Presidencial, na Cidade Alta, para abordar a situação prevalecente naquela região.

Em declarações à imprensa, no final do encontro entre os dois Chefes de Estado, que durou cerca de três horas, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, disse não estar, ainda, determinada a data e o local do encontro entre Paul Kagame e Félix Tshisekedi, mas assegurou que as responsabilidades para a materialização do mesmo está a cargo de Angola, na qualidade de mediador do processo.

"O encontro tem como finalidade acabar com a crise prevalecente no Leste da República Democrática do Congo e o retorno de uma paz sustentável entre os dois países”, destacou o chefe da diplomacia angolana, que também participou do encontro.

Um dia antes da abertura da 37ª Conferência de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia, o Presidente da República, João Lourenço, promoveu, na qualidade de Campeão para a Paz e Reconciliação em África, uma Mini-Cimeira para abordar a situação no Leste da República Democrática do Congo.

Esta Cimeira, realizada a partir do maior palco da diplomacia africana e conduzida pelo estadista angolano, reuniu vários Chefes de Estado e de Governo presentes na capital etíope para participar na Cimeira da União Africana.

A Mini-Cimeira teve como objectivo relançar as bases para a conjugação de esforços com vista ao estabelecimento de um novo cessar-fogo no Leste da República Democrática do Congo, onde o Exército Nacional e as forças rebeldes do M-23 se envolvem em duros e sangrentos combates.

Na sequência da Mini-Cimeira de Adis Abeba, o Presidente João Lourenço manteve, no dia seguinte, encontros separados com os Presidentes Paul Kagame e Félix Tshisekedi para abordar a situação naquela região volátil dos Grandes Lagos.

No discurso feito nesta 37ª Cimeira da União Africana, o Presidente João Lourenço fez um resumo das acções levadas a cabo para a pacificação do Leste da República Democrática do Congo, com realce para a realização das duas Mini- Cimeiras realizadas, no ano passado, na capital angolana, com o objectivo de harmonizar e assegurar a coordenação regular dos processos de Luanda e Nairobi e reforçar a necessidade da implementação do Plano de Acção Conjunto sobre a Resolução da Crise de Segurança na região Leste da RDC, de modo a atenuar o clima de tensão e normalizar as relações político-diplomáticas entre a RDC e o Rwanda.

"Não obstante tudo isso, constatamos o agravamento da situação no Leste da RDC, com a tentativa de ocupação, por parte do M-23, de novas áreas naquela região, em clara violação ao que foi estabelecido nos processos de Luanda e de Nairobi, destruindo todos os esforços e iniciativas desenvolvidas nos últimos anos”, ressaltou o estadista angolano.

O Roteiro de Luanda é o documento aprovado, na capital angolana, no dia 6 de Julho de 2022, durante a Cimeira Tripartida da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), entre Angola, RDC e Rwanda, que aponta os caminhos para a pacificação do Leste da RDC.

Entre os vários pontos constantes neste documento, assinado pelos Presidentes Paul Kagame, Félix Tshisekedi e João Lourenço, na qualidade de presidente em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos e mandatário da União Africana, destacam-se a instauração de um clima de confiança entre os Estados da Região dos Grandes Lagos, a criação de condições ideais de diálogo e concertação política, com vista à resolução da crise de segurança no Leste da RDC, a normalização das relações políticas e diplomáticas entre a RDC e o Rwanda, assim como a cessação imediata das hostilidades.

A Organização das Nações Unidas considerou o Roteiro de Luanda um documento importante para a resolução da crise reinante no Leste da República Democrática do Congo, sublinhando tratar-se de um apoio valioso para o fim do conflito.

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