No sábado da semana passada (17/02), os membros da União dos Escritores Angolanos (UEA) reuniram-se em Assembleia Geral Extraordinária, no âmbito da dinamização e reestruturação das suas acções no período de 2022-2025.  De acordo com David Capelenguela, Secretário-Geral da UEA, "embora com uma participação abaixo de 50 por cento dos seus membros no activo, o encontro foi realizado num ambiente de harmonia”, com os escritores a manifestarem grande preocupação pelo estado actual da associação, caracterizado principalmente pela falta de recursos financeiros para a edição de livros e salários em atraso dos trabalhadores da instituição.

O relatório e contas do ano de 2022 e a proposta da alteração dos Estatutos da União dos Escritores Angolanos foram os assuntos que mais mereceram destaque no encontro presidido pelo Presidente da Mesa, Lopito Feijó. Os membros presentes aprovaram, com duas abstenções, o relatório e as contas do exercício económico de 2022, e, por unanimidade, as propostas apresentadas para a alteração dos Estatutos.

Uma das principais alterações aos Estatutos, proposta e unanimemente aprovada, é a limitação do mandato do secretário-geral a dois. Capelenguela defendeu que a entrada de novas pessoas nos cargos de direcção da associação "leva à mudança, frescura, a novas ideias e novas maneiras de pensar as coisas.Por isso levei essa alteração à assembleia”.

Outra alteração é referente à função de Secretário para Actividades Culturais, que passará a ser designado como Secretário para Actividades Culturais e Comunicação, passando a cuidar assim, também, da comunicação institucional.

"Levei igualmente à assembleia a proposta de alteração da exigência de 15 anos e de 10 anos como membro da UEA para alguém candidatar-se, respectivamente, aos cargos de Presidente da Mesa da Assembleia-Geral e de Secretário-Geral. Essa proposta foi recusada pela assembleia, pelo que esse ponto do Estatuto vai manter-se tal como está”.

As alterações propostas e aprovadas entrarão em vigor a partir da assembleia geral ordinária de Dezembro. "Essa assembleia vai fazer o balanço do mandato e desencadear o processo eleitoral, com a criação da respectiva comissão e a marcação da data da eleição dos novos corpos sociais. Esse processo deverá culminar em Maio, com a tomada de posse dos órgãos sociais eleitos”, frisou David Capelenguela.

Relativamente às dívidas de alguns parceiros para com a União dos Escritores Angolanos, ficou recomendado que o Secretário-Geral nomeie uma comissão "que se possa a encarregar de voltar a contactar os mesmos, de modos a se encontrar uma saída, o mais rápido possível sobre o assunto, já que, até à presente data, os funcionários da UEA debatem-se com o problema de salários”.

A União dos Escritores Angolanos é uma associação de utilidade pública, fundada aos 10 de Dezembro de 1975. A sua actividade assenta nos seguintes princípios fundamentais: independência intelectual e orgânica; liberdade criativa; promoção dos valores culturais nacionais e de todas as conquistas universais; posicionamento contra todas as formas de discriminação étnica, racial, sexual, nacional, cultural e outras; profunda e activa solidariedade humana.

Os seus fins são, entre outros, representar os escritores angolanos membros da UEA; promover a defesa da cultura angolana como património da nação; estimular os trabalhos tendentes a aprofundar o estudo das tradições culturais do povo angolano; incentivar a criação literária dos seus membros, nomeadamente, proporcionar-lhes condições favoráveis ao seu trabalho intelectual e à difusão das suas obras; e propiciar a revelação de novos escritores, orientando os seus esforços e dando-lhes o necessário apoio.