Reportagem

Venda de peças e reparação de viaturas no Huambo tiram jovens do desemprego

Marcelino Wambo | Huambo

Jornalista

As casas de venda de acessórios para automóveis, na cidade do Huambo, têm vindo, nos últimos anos, a facilitar a vida de centenas de cidadãos que procuram o primeiro emprego.

26/08/2023  Última atualização 09H20
Actividade de oficinas proporciona emprego a muitas pessoas no Huambo © Fotografia por: Délio Malacriz | Edições Novembro | Huambo
Alguns comerciantes abordados pela nossa reportagem confirmam que os locais são de muita solicitação dos jovens, que encontram nisso uma boa alternativa de emprego.

O gerente da firma "Auto-Mecânico soluções”, de comercialização de peças e reparação de automóveis, que existe há 11 anos, referiu que já empregou mais de 100 funcionários, entre eles três estrangeiros. Laurindo Quintas e outros começaram uma nova etapa que mudou consideravelmente a sua vida, por terem ganhado o trabalho com a venda de peças. Referiu que as lojas de comercialização de peças e oficinas de reparação de viaturas estão a ajudar muitos jovens e chefes de família, com a oferta de emprego.

Muitos deles, realçou, já tinham perdido a esperança depois de tantas tentativas na função pública sem sucesso.

Laurindo Quintas afirmou que todos trabalhadores estão inscritos no Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) de forma a garantir a sua reforma quando já não puderem mais trabalhar.

Assegurou, ainda, que a empresa está representada em nove províncias, designadamente Benguela, Namibe, Huíla, Cuanza-Norte, Bié, Cuanza-Sul, Cuando Cubango, Luanda e Huambo.

Negócio rentável

O director da empresa Autonangola, Comércio de Peças e Acessórios Automóveis, Frank Nakoh, de nacionalidade nigeriana, explicou que está no negócio há 15 anos. Acrescentou que o negócio é rentável.

Frank Nakoh disse que trabalha com oito funcionários e comercializa quase todo tipo peças, oriundas de Dubai, de vários modelos das marcas Toyota, Hyundai, Kia, Nissan, Mitsubishi, Suzuki, Renault e outros. Reconhece que os preços variam em função do câmbio do dólar americano, que, como disse, dita as regras do comércio.

Localizada no bairro de São Pedro, sector Xavier Samacau, arredores da cidade, a loja recebe, todos os dias, solicitações de jovens que procuram emprego.

Muitos clientes preferem comprar no mercado da Quissala

Os preços dos acessórios de viaturas nas bancadas do mercado da Quissala, conhecido por "Alemanha”, em relação às concessionárias e outras casas de venda de peças automóveis são mais acessíveis, segundo alguns compradores contactados pelo Jornal de Angola. Nas bancadas estão expostos vários acessórios, entre os quais correias, pára-lamas, velas, retrovisores, piscas, faróis, amortecedores, calços, discos de embraiagem, terminais, porcas, filtros de ar, bombas manuais e outros.

Os terminais, rótulas, jogos de reparação, calços, filtros de ar, retrovisores, piscas, lâmpadas de faróis, amortecedores para Hiace, Corolla, Kia, Hyundai i10 e Suzuki Jimny lideram a lista de acessórios de automóveis mais solicitados pelos clientes.

A vendedora Margarida Kalesso esclareceu que muitos utentes de viaturas preferem procurar os serviços do mercado, apesar de existirem representantes das marcas que dão mais segurança aos compradores.

Acrescentou que para conseguir um cliente e chegar ao ponto de comprar precisa ter paciência suficiente para atraí-lo, pois são muitos vendedores a conquistar o mesmo comprador. Referiu, a título de exemplo, que os amortecedores de Toyota Rav 4 estão a ser comercializados ao preço de 25 mil kwanzas.

Quem tiver mais argumentos, ainda que proponha o preço mais caro, leva o cliente para a sua bancada. Assim tem sido o dia-a-dia dos comerciantes no Mercado da Quissala.

Reparação de avarias

 As oficinas de reparação de automóveis são outros locais que estão a dar resposta às necessidades de emprego por parte dos jovens na cidade do Huambo.

Tal é o caso da Oficina 404, localizada no bairro Rua do Comércio que, segundo a gerente, Fernanda Correia, tem 17 funcionários. Revelou que já recusou muitos pedidos de vagas devido à capacidade limitada.

Lembrou que foram admitidos trabalhadores nas categorias de mecânico, eletricista, bate-chapa, pintor, balconista, técnico de diagnóstico de avarias em automóveis, que hoje fazem parte do conjunto da mão-de-obra.

Fernanda Correia explicou que desde que passou a gerir a oficina, por conta do falecimento do pai, constatou que o grande problema consiste no tempo que os clientes mantêm as suas viaturas na oficina, devido à dificuldade na aquisição de peças para substituição.

"Os acessórios são muito caros. Por isso, muitos clientes mantêm as viaturas nas oficinas por largo tempo por falta de dinheiro. O normal seriam três a quatro dias úteis para ter a viatura pronta e ser entregue ao proprietário. Mas isto depende muito também dos problemas que as viaturas apresentarem, pois há aqueles casos mais complexos”, disse.

Na Oficina 404 encontramos César Horácio, de 61 anos. Pintor de profissão desde 1986, disse que com o que ganha paga os estudos dos filhos e até dos netos. Realçou com muita tristeza que tem assistido jovens formados sem qualquer ocupação e por isso, entende que a frustração tem forçado muitos a enveredar para o mundo da delinquência.

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