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Vila de Maquela do Zombo beneficia de tapete asfáltico

Valter Gomes | Maquela do Zombo

Jornalista

As ruas da sede municipal de Maquela do Zombo, na província do Uíge, beneficiaram de tapete asfáltico, com a respectiva sinalização vertical e horizontal, para além da construção de lancis devidamente pintados.

21/02/2024  Última atualização 07H32
Asfaltagem estimulou a actividade comercial e melhorou a mobilidade de pessoas e viaturas © Fotografia por: Mavitidi Mulaza| Edições Novembro

Numa extensão de 6.8 quilómetros, o tapete, além do casco urbano, abrange, também, as ruas que dão acesso aos bairros 4 de Fevereiro, Deolinda, Jika, Nguabi e da Escola Missionária da Igreja Católica.

Os trabalhos estiveram a cargo da empresa China Road and Bridge Corporation (CRBC). A empreitada foi executada com fundos do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) e custaram mais de 1,9 mil milhões de kwanzas.

Fundada em 1911, a vila de Maquela do Zombo nunca foi asfaltada, facto que resultava num cenário desagradável, caracterizado por buracos lamacentos (na época chuvosa) e nuvens de poeira (no tempo seco), que, literalmente, pairavam nas ruas, além de invadirem residências e instituições públicas, criando desconforto aos habitantes locais.

Fruto da empreitada, a vila de Maquela do Zombo apresenta, actualmente, uma imagem convidativa, facto que alegra os munícipes, que viram, igualmente, alargada e melhorada a rede de iluminação pública, fornecida através da barragem hidro-eléctrica de Capanda (situada na província de Malanje).

A nova realidade renovou a esperança em dias melhores aos maquelenses, desde a juventude, autoridades tradicionais, religiosas, comerciantes e outros, que enalteceram esta e outras acções executadas na região.

 
Soba Grande

O Soba Grande de Maquela do Zombo, Lucas Manuel de Castro, de 65 anos de idade, lembrou que há longos anos, os habitantes de Maquela do Zombo viviam imensas dificuldades de vária natureza, mas, fruto das acções implementadas, quer pelo Governo provincial, quer pelo central, a vida mudou para melhor.

A autoridade tradicional destacou, entre as acções de realce, as de construção de unidades sanitárias, escolas primárias e secundárias e do sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável, este último a ser concluído em breve.

"Estamos satisfeitos com a melhoria das condições de vida dos habitantes. Desde a época colonial nunca tivemos asfalto neste município. Vivíamos com muita poeira e lama, mas agora, há muita diferença, está tudo bonito. Temos energia eléctrica 24 horas ao dia. Ganhamos um hospital municipal de referência e novas escolas devidamente equipadas. Aguardamos a conclusão do sistema de abastecimento de água potável”, disse.

Em muitas aldeias, acrescentou, também foram construídas algumas infra-estruturas, com destaque para escolas, postos e centros de saúde, que garantem a formação das crianças e jovens, bem como assistência médica e medicamentosa às populações.

 
Vias de acesso para as comunas

Lucas Manuel de Castro sublinhou que, apesar destes ganhos, a população de Maquela do Zombo continua inquietada com o estado degradado das vias de acesso às comunas de Béu, Kuilo Futa e Sacandica. "Pedimos a intervenção urgente do nosso Governo, porque algumas destas vias estão a ser cortadas pelas ravinas e a população está preocupada, uma vez que não se consegue circular em condições”, realçou.

 
Comerciantes animados

Durante a nossa incursão pelo município de Maquela do Zombo, constatamos que os habitantes são exímios comerciantes. Pode dizer-se que a nível da província do Uíge, os maquelenses se destacam neste ramo de actividade económica. Divisamos, um pouco por tudo quanto é canto, inúmeros estabelecimentos comerciais, entre cantinas e barracas improvisadas, para além dos vendedores ambulantes que circulam pelas ruas da vila. A asfaltagem das ruas da sede municipal insuflou um novo fôlego aos comerciantes, que reactivaram muitos estabelecimentos, outrora abandonados.

Afonso Ndombaxi, 32 anos, morador do bairro 4 de Fevereiro, é proprietário de um estabelecimento, onde comercializa, há 17 anos, vários produtos cosméticos. O comerciante reconheceu  que a asfaltagem das ruas mudou substancialmente a imagem da sede do município. Fruto disso, disse, assiste-se, a cada dia, muitos moradores a reabrirem as suas lojas, que se encontravam encerradas.

Para Jeremias Sebastião de Almeida, 46 anos, outro comerciante, a asfaltagem das ruas de Maquela, não só estimulou a actividade comercial, como, também, melhorou significativamente a mobilidade de pessoas e viaturas, porque já se pode circular em ruas, antes, intransitáveis.

Para além do comércio, os maquelenses estão, nos últimos tempos, engajados na actividade agrícola. Contudo, muitos se queixam da falta de instrumentos de trabalho como enxadas, catanas, limas, botas de borracha, além de necessitarem de sementes melhoradas.

 
Falta água potável

A maior preocupação dos habitantes da vila de Maquela do Zombo é a falta de água potável. Ainda consomem água imprópria, extraída de alguns poços. Diante desta situação, o Governo retomou as obras de construção do sistema de captação, tratamento e distribuição de água, no rio Luidi, paralisadas há cinco anos. O administrador municipal, Samalando Muginga, disse que o sistema terá capacidade de produção de mais de quatro mil metros cúbicos e permitir a realização de duas mil ligações domiciliárias. "Os trabalhos estão na recta final. Já foram feitas as principais tarefas de construção civil e a colocação das tubagens de grande dimensão. Neste momento, estão a ser concluídos ostrabalhos da  componente eléctrica para fazer funcionar todo o sistema”, informou.


Sector da Educação

O sector da Educação em Maquela do Zombo é o que maior crescimento registou, nos últimos tempos.  O director municipal da Educação, Manzambi Chico João, descreveu que o sector conheceu melhorias significativas, ao beneficiar de 64 escolas, sendo 48 primárias, oito colégios, cinco liceus, um instituto médio e dois complexos escolares.

No presente ano lectivo, sublinhou, o sector matriculou mais de 43 mil alunos da iniciação à 12ª classe, cujas aulas são asseguradas por 586 professores. Ainda assim, o responsável apontou um défice de cerca de 100 professores e 400 novas salas de aula para cobrir as aldeias situadas, sobretudo, ao longo da orla fronteiriça com a República Democrática do Congo (RDC). "Pretendemos, com isso, evitar a deslocação de alunos para a República vizinha”, indicou.

 
Novas infra-estruturas

Recentemente, o governador do Uíge, José Carvalho da Rocha, assegurou que o município de Maquela do Zombo está dentro dos programas de Combate à Fome e à Pobreza, Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), Programa Local de Apoio à Agricultura Familiar e Kwenda.

Na ocasião, o dirigente garantiu que Maquela do Zombo vai ganhar, nos próximos dias, novas infra-estruturas, sobretudo as viradas para a formação técnico e profissional, bem como de fornecimento de água potável às populações.

José Carvalho da Rocha encorajou, por outro lado, a população a acreditar nas acções do Governo, que paulatinamente está a criar as condições necessárias para a melhoria da qualidade de vida, com a construção de infra-estruturas nos sectores da Saúde, Educação, Energia Eléctrica e Água potável.

Localizado a 345 quilómetros a Norte da cidade do Uíge, capital da província com o mesmo nome, Maquela do Zombo é composto por quatro comunas, nomeadamente Kibokolo, Béu, Sacandica e Kuilo Futa, perfazendo cerca de 300 aldeias, cuja população estimada em 300 mil habitantes, segundo os dados do último censo.

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