Opinião

Vontade política reacende cooperação com a República Checa

António Cruz *

Director Executivo-Adjunto

Praga, a capital da República Checa, recebeu uma delegação angolana ao mais alto nível na última semana.

25/02/2024  Última atualização 08H36

A expectava era grande no seio da comunidade angolana residente naquele país do continente Europeu. A República Checa faz fronteiras com a Polónia, a Norte, Alemanha, a Oeste, com a Eslováquia, a Leste, e Áustria, a Sul.

A movimentação era descomunal. Coincidia com a data marcada para o encontro com os Presidentes João Lourenço e Petr Pavel no fecho da visita do Estadista angolano.

A temperatura marcava cinco graus centígrados, muito frio para quem vem de Luanda onde o clima nesta altura é de 27.º. Os agasalhos eram mais destacáveis nos visitantes, integrado, igualmente, por jornalistas de vários órgãos de comunicação social: a Vânia, o Ernesto, Solar, Leão, Capitão, Diacana e Mauro.

A comunidade angolana integrava empresários, médicos, outros profissionais e estudantes, tinham muitas inquietações para os dois presidentes, entre as quais o enquadramento no país de origem, após a conclusão da formação, a abertura de uma embaixada e missão consular para facilitar as questões administrativas e a situação relativa aos filhos deixados naquele país, fruto da relação com as checas, que não são poucos.

Foram muitos angolanos que escolheram aquela região para a formação académica, processo iniciado em 1976, altura em que a designação do país era Checoslováquia.

Por influência da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Angola e a Checoslováquia tinham adoptado o socialismo como sistema político e a economia centralizada como sistema económico. Neste quadro, foram estabelecidas relações de cooperação no âmbito das quais muitos angolanos foram enviados como bolseiros.

A desintegração da Checoslováquia aconteceu no dia 1 de Janeiro 1993 e deu lugar ao nascimento das Repúblicas Checa e Eslovaca. Mas, as relações com Angola mantiveram-se.

Dados do Ministério das Relações Exteriores referem que após a desintegração, Angola assinou com a República Checa uma declaração de cooperação em 1999, sendo reforçada com a assinatura do Memorando de Entendimento e Programa de Cooperação para o Desenvolvimento em 2006. Manteve em vigor alguns acordos que deveriam ser actualizados de acordo com a disponibilidade das partes. E foi a perspectiva que mobilizou os esforços das entidades diplomáticas dos dois países durante os últimos tempo e juntou, agora, os dois estadistas em Praga.

Angola e a República Checa, tal como muitos outros países, foram atingidas pela influência dos ventos do Leste que levaram a queda do Muro de Berlim. Este fenómeno proporcionou transformações nos sistemas políticos e económicos em muitos países. A República Checa deu passos grandes no seu crescimento e Angola quer aproveitar esta experiência de transformação ao seu próprio benefício e da sua população.

O objectivo principal da visita do Presidente João Lourenço à República era estabelecer como o seu homólogo a vontade política para as entidades internas dos dois países darem os passos concretos subsequentes, para o relançamento da cooperação que passa pela actualização dos instrumentos jurídicos existentes e a sua aplicação.

As duas partes vão desenvolver acções nas áreas da diplomacia, agricultura, indústria, energia eléctrica e militar, domínios em que a República Checa detém grande potencial.

A República Checa tem potencial no turismo, sendo a cidade de Praga um dos principais destinos na Europa. A indústria automobilística lidera as exportações. A produção agropecuária responde por 2,3% do PIB nacional, com a produção de trigo, batata, milho, cevada, beterraba sacarina, leite e carne de porco. A eletricidade chega a todas as residências do país, sendo o 7.º maior exportador de energia do mundo. A rede de transportes é, igualmente, forte com mais de 100 aeroportos distribuídos pelo território.

A materialização da vontade exprimida pelos dois Presidentes vai responder às preocupações da comunidade residente e preparar o país para alcançar novos rumos de desenvolvimento.

* Director Executivo-Adjunto

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