A vandalização de bens públicos tomou contornos alarmantes. Quase todas as semanas, são reportados casos do género.Bens ou infra-estruturas que consumiram avultadas somas em dinheiro para serem construídos, são destruídos, quer para a busca fácil de dinheiro, quer por pura maldade. Os sectores da Energia e Águas, Transportes, Telecomunicações, Saúde e Educação têm sido os principais alvos.
Os sistemas educativos contemporâneos continuam com problemas para garantir que todas as crianças e jovens possam ter acesso a uma educação e formação que lhes permitam integrar-se plenamente nas sociedades.
A veiculação das “representações” tem merecido a preocupação de estudiosos das Ciências Sociais e Humanas, devido às implicações que estas têm sobre factos, pessoas e grupos sociais.
Por isso, ao longo do tempo, o conceito e significação têm evoluído em função do objecto de estudo a que elas estiveram vinculadas: pessoal, social e mediático. Para todos os efeitos, o nosso foco é o mediático, no caso, jornalístico.
Estudos recentes determinam a influência das representações sobre a cognição, a sua produtividade e a sua expressão mediática. O resultado do impacto das representações sobre os cidadãos é terem a realidade sobre factos, pessoas ou comunidades, desfocada ou aumentada.
O Jornalismo, enquanto produtor de representações, exerce influência sobre juízos que os cidadãos fazem de pessoas, fenómenos e até de instituições, quer por via do agendamento, quer não.
É importante que se diga que as representações no Jornalismo não são, em si mesmas, as notícias, mas as marcas que aparecem no discurso jornalístico, como se de mera coincidência se tratasse, como insinuações ou casuais.
Como já referido, as representações emergem das pistas visuais, enquadramentos ou mesmo como cenário considerado normal ou padrão, palavras e frases para se referirem a grupos, pessoas e instituições que parecem normais, mas que, na realidade, reforçam estereótipos, discriminação e outros sentimentos que segregam ou que criam bolhas sociais.
Dito de outra forma, quer estejam presentes no discurso imagético, quer no discurso verbal, as representações silenciam, dão voz, tornam invisível ou visível acontecimentos, pessoas ou grupos sociais o que, naturalmente, reforça estereótipos por hipérbole ou eufemismo, de natureza étnica, social, de género, entre outros, no enquadramento noticioso, aparentemente, feito de forma inocente, não intencional.
Essas imagens e discursos verbais estereotipados entram no imaginário social e passam a ser "representantes” de pessoas, grupos sociais, situações ou factos e, assim, estimulam a espectacularização exacerbada e apressada dos visados.
Em muitos casos, o que parece ser uma notícia não passa de um não-acontecimento, só publicado devido à representação.
Identificados os padrões ou marcas que se estabelecem na abordagem de um tema, uma comunidade, grupo social ou facto histórico e que seguem a mesma linha de pensamento, seja na colocação ou tipos de imagem, na utilização de determinada palavra ou mesmo no que o discurso procura insinuar mais de uma vez e por vários media informativos, podemos dizer que estamos perante uma representação.
Um dos critérios para identificar uma representação é a comparação de reportagens ou peças com os mesmos temas, feitos em períodos e, até por órgãos diferentes. Se o resultado do estudo determinar que tiveram os mesmos padrões de linguagem ou de categorias de imagens, nos discursos verbais e não-verbais, e identificarem estereótipos, então, estaremos perante uma representação.
Por exemplo, a maior parte dos textos verbais e imagéticos informativos produzidos pela imprensa ocidental sobre África são de notícias negativas, fome, guerras, corrupção, doenças, entre outros males ou sobre o lado exótico do continente.
Raramente, passam notícias positivas, cidades desenvolvidas, os inventores do continente, os cientistas africanos e outras matérias que dariam uma visão mais realista do continente berço.
Essa é uma clássica forma de representação. E, o resultado é que o cidadão comum, no ocidente, acredita que em África só há desgraças. O mesmo acontece com grupos étnicos identificados socialmente com coisas negativas. E o Jornalismo reproduz, nos seus textos.
Apesar de não ser fácil determinar a intencionalidade do autor da notícia ou da imagem, que pode apenas querer defender uma causa, denunciar abusos contra os direitos humanos ou reforçar/perpetuar ideias preconceituosas, quer por meio da escolha das palavras, quer pelo enquadramento das imagens ou do pensamento subliminar, é importante não perder de vista que o Jornalismo está, por natureza, comprometido com a verdade, e repetir uma mentira até que se torne verdade tira os media noticiosos da esfera ética que, desde a sua génese, se pautam pela divulgação de informações baseadas na realidade e que transcende às pessoas e factos, enquanto objectos de notícia.
Como podemos ver, estamos diante de um problema ético, tendo em conta que nem sempre a representação é fiel à prática ou realidade social ligada a etnia, género e grupos sociais noticiados.
Mas, para salvaguardar a verdade enquanto pilar da notícia, os estudos no campo das ciências da comunicação têm estado a desconstruir às representações nos media informativos.
*Consultor
de Comunicação e de Educação
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