O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
O escritor Beni dya Mbaxi vai ser homenageado com a distinção de “Melhor Autor Lusófono” de África, no Festival Internacional de Livro de Francis Town, que vai decorrer entre 6 a 8 do corrente mês, no Botswana, uma iniciativa da Mulher Forte Literatura Africana (MFAAL).
Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, a partir da cidade de Francis Town, o escritor Beni dya Mbaxi referiu que o festival reunirá escritores, cantores, editores, leitores e amantes da literatura de diferentes países, proporcionando um intercâmbio cultural enriquecedor.
Com debates, palestras, sessões de autógrafos e lançamentos de livros, o evento, explicou, é uma oportunidade única para celebrar a arte da escrita e promover o diálogo entre os diversos povos e culturas representados no Festival Internacional de Livro de Francistown.
Para além de si, disse, o país está presente com mais dois artistas, o cantor Mauro Larsson; e o escritor Júlio Ginga "O Filantropo”, como é conhecido artisticamente. O homenageado realçou que, tanto o Júlio Ginga, como o Mauro Larsson, fazem parte dos artistas internacionais convidados.
O primeiro, realçou, é um dos prelectores convidados para participar em debates sobre a literatura no contexto da lusofonia, enquanto que o segundo vai brindar o festival com as suas músicas de estilo R&B e Kizomba.
Beni dya Mbaxi explicou que a iniciativa é de quatro jovens do Botswana liderados pela fundadora da Literatura Africana Mulher Forte, Paula Otukile. O objectivo deste festival do livro, recordou, é melhorar a alfabetização e trazer um renascimento da leitura para a comunidade de Francistown, no Botswana. No primeiro dia da premiação, explicou, haverá uma doação de livros para uma escola local e no dia seguinte está prevista uma palestra para partilhar informações ou serviços entre pessoas, empresas e grupos sobre a temática do livro, entrevistas e seminários; e à noite haverá a quarta premiação anual de Literatura Africana Mulher Forte.
O projecto, ressaltou, segundo as informações que lhe foram transmitidas pela organização, está a permitir o intercâmbio com autores de toda a África, incluindo dos Estados Unidos, do Reino Unido e de Espanha. O projecto, frisou, tem mesmo como foco promover os artistas e autores da parte Norte do Botswana, porque não acontecem muitos eventos de alfabetização e sobre a literatura.
Este festival do livro, destacou, de acordo com os detalhes apresentados pelos organizadores, surge no momento em que os livros estão a tornar-se novamente populares, e por existir um grande renascimento de autores locais e africanos.
O festival, sublinhou, tem também como primícias desmistificar "A velha história de que os africanos não lêem e pouco se interessam por literatura”. Por isso, continuou, esse preconceito, está a tornar-se um detalhe do passado e espera-se dos artistas, troca de experiências para se continuar a levar a cultura angolana, em particular, e africana, no geral, nos principais palcos dos eventos culturais em outras partes do mundo.
Feira do livro vai fomentar a parceria entre instituições
De acordo com Beni dya Mbaxi, um dos propósito da organização é também promover a parceria entre as instituições locais e internacionais na criação de uma dinâmica com a presença de autores locais. A organização, explicou, definiu critérios para escolher aqueles que farão parte do Festival Internacional do Livro, por ser o primeiro projecto do género e que se espera um evento incrível, bonito, para permitir que a indústria do livro local se desenvolva, no sentido do fomento de parcerias e a promoção de mais festivais.
De acordo com a programação do evento, os preparativos estão na recta final e os convidados já começaram a chegar à cidade Francistown, a segunda maior cidade do país, localizada na região nordeste do Botsuana, perto da fronteira com o Zimbabwe. "Vamos aproveitar a estadia para se fazer parcerias com a Mulher Forte Literatura Africana, projecto de uma jovem multipremiada do Botswana”, assegurou o escritor.
No primeiro contacto com a mentora do projecto, ontem, em Francistown, Beni dya Mbaxi explicou que a mesma se mostrou feliz e trocaram detalhes sobre a feira que foi pensada para prestar um serviço à humanidade e a Deus, porque os livros, para a mentora do projecto, fazem parte da contribuição para o desenvolvimento do seu país através da literatura e da alfabetização. A secretária dos prémios, Otsile Pule, mostra-se feliz por ter uma melhor experiência este ano, uma vez que os patrocinadores estão disponíveis, ao contrário do que aconteceu nas edições anteriores. A equipa, afirmou, previu ter uma transmissão ao vivo no Facebook para quem não puder comparecer, mas promete fazer o melhor para atender mais autores e poetas locais.
Obras de Beni dya Mbaxi com destaque internacional
As obras do escritor angolano Beny dya Mbaxi foram apresentadas, em Outubro de 2023, no Encontro Nacional de Escritores em Pernambuco, Brasil. Na ocasião, a professora brasileira, Renata Barcellos, apresentou o trabalho "Práticas, pedagógicas de literaturas brasileiras-africanas e Indígenas” e realçou as obras do jovem escritor angolano.
De acordo com a professora, pós-doutorada em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, as obras de Beni dya Mbaxi têm relevância devido às temáticas "delicadas” voltadas para o universo da educação das mulheres africanas, no século XXI, e por terem uma linguagem clara e objectiva.
O escritor foi um dos seleccionados para fazer parte da colectânea "Campeões Transgeracional”, contendo obras de autores emergentes africanos, cujo lançamento aconteceu no primeiro trimestre do corrente ano, em Harare, capital do Zimbabwe.
Autor do livro "A Última Masoxi”, distinguido na África do Sul com o Prémio Global de Escritores Africanos 2021, esteve entre os 150 jovens escritores africanos incluidos no projecto literário, que na sua maioria pertencem aos países da região Austral, Central e Ocidental de África.
Em 2021, foi seleccionado para concorrer na categoria de Melhor Romance, dos prémios "Mulher Forte African literature Award”, no Botswana. Em Outubro de 2022, recebeu, na Embaixada da África do Sul em Angola, o troféu "Annual Global African Author Awards”, referente à edição de 2021, na categoria de empoderamento às crianças, com a obra "A Última Masoxi”, publicado em 2020.
Beni dya Mbaxi é o pseudónimo de Bernardo Sebastião Afonso, que nasceu em Luanda, no município do Cazenga, a 28 de Maio de 1997. É estudante de Língua Portuguesa e Comunicação na Universidade Metodista de Angola (UMA).
Em 2012, recebeu o prémio da quarta edição do "Annual Global African Authors Award” pela obra "A Última Masoxi”, recebeu, também, o prémio Escritor Revelação do Ano 2021, do Moda Cazenga By Luandina, e Honra ao Mérito da Biblioteca Municipal do Kilamba Kiaxi.
Foi distinguido com o prémio "Escritor Jovem” em 2022, nos prémios Dipanda, e em 2022, pela revista literária "Khuluma Afrika-Speak”, da África do Sul. Recebeu dois certificados pelos feitos na literatura angolana, atribuídos pelo secretário executivo do Conselho Provincial de Luanda, considerado "Jovem Escritor 2023”, distinção atribuída pelo portal Mwangolé das Letras, pelo livro " Quando Não Olhas Para Trás”.
É colunista regular do Jornal Internacional "The Diaspora Times Global”. redactor da Tabanka Tv de Londres, Inglaterra. Embaixador da revista "African Writers Round Table”, no Zimbabwe, e colunista do blogue brasileiro "Pensamentos e Poesia”.
O livro "A Última Masoxi” voltou a ganhar vida em palco, na peça de teatro adaptada pelo encenador Wengui Dias, que foi exibida pelos alunos da Escola de Artes da Fundação Arte e Cultura, no auditório Wiza, na Ilha de Luanda, em 2022.
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