O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
O legado literário do nacionalista Viriato da Cruz é tema de um debate amanhã, às 17h00, na União dos Escritores Angolanos (UEA), em alusão ao seu aniversário natalício, que se estivesse em vida, completaria 96 anos, a 25 do corrente mês.
Como prelector dos painéis, a organização convidou o escritor Bendinho Freitas a falar sobre "Uma Trajectória de Luta pela Liberdade”. O escritor e docente José Luís Mendonça disserta sobre "Ethos Poético e Premência do seu Legado na era da Independência”, enquanto que o escritor, professor catedrático e director do Centro de Estudos Africanos, Nelson Pestana "Bonavena”, vai fazer uma reflexão sobre "A Liberdade de Pensar Angola”.
Em declarações ontem, ao Jornal de Angola, o secretário-geral da UEA, David Capelenguela espera que durante o debate, possa ser explorado o lado artístico e cultural do homenageado na transmissão de conhecimentos às novas gerações, embora tenha reconhecido que "por arrasto haverá sempre um espaço para se falar sobre o legado político do nacionalista e poeta Viriato da Cruz”.
A ideia do encontro, avançou, é tornar os temas em análise mais focados na sua veia literária. "Queremos que o debate esteja mais centrado na vertente artística, poética e na estética da sua arte. Esperemos que o debate gere um confronto salutar de ideias entre as várias gerações a respeito do contributo do escritor para a literatura angolana”.
David Capelenguela convida os jovens e adultos, professores, escritores, músicos, políticos, estudantes e familiares a estarem presentes para a troca de conhecimentos e levar a juventude, sobretudo a melhor conhecer a vida e obra de Viriato da Cruz.
O professor catedrático Nelson Pestana "Bonavena”, prelector na conferência, considerou que a realização do evento marca a mudança de paradigma político para o que deve ser feito ao legado de outras figuras da dimensão de Viriato da Cruz. "A palestra visa fomentar o debate sobre o estudo da vida literária dos grandes nomes que contribuíram para o alcance da independência, paz e democracia no país”, disse.
O
secretário-geral chamou a atenção de instituições de ensino, académicos e
historiadores a continuarem a desenvolver processos de investigação científica,
por forma a divulgar, através de estudos, os feitos dos nacionalistas que se
empenharam e deram a vida em prol da liberdade do país, bem como do crescimento
da literatura angolana.
Um dos expoentes máximos da poesia angolana
Considerado um dos expoentes máximos da poesia angolana, Viriato Francisco Clemente da Cruz nasceu no Porto Amboim, Cuanza-Sul, a 25 de Março de 1928, e faleceu em Pequim, China, a 13 de Junho de 1973. Em 1948, lança o mote "Vamos Descobrir Angola”, época em que começou a frequentar a Associação dos Naturais de Angola (ANANGOLA), onde com Higino Aires, António Jacinto e Mário António de Oliveira dirigia o sector cultural. Em 1951, foi editado o primeiro número da revista Mensagem e criado o Movimento dos Novos Intelectuais de Angola (MNIA).
Nos anos 1950, esteve em contacto com a movimentação anti-colonial clandestina em Luanda, incluindo o Partido Comunista Angolano (PCA), fundado naquela altura. Abandonou Angola por volta de 1957 para se dirigir a Paris, onde se encontrou com Mário Pinto de Andrade, desenvolvendo actividades políticas e culturais.
Viriato da Cruz tem uma única obra editada, que, entretanto, lhe garantiu o digno lugar entre os expoentes máximos da poesia angolana, ao lado de Agostinho Neto e António Jacinto. Assim, com o livro "Poemas” (1961), o seu nome é referência em todas as antologias nacionais e estrangeiras de poesia africana. Vários dos seus poemas foram musicados e, até hoje, ecoam nos ouvidos do povo, com destaque para "Makézu” e "Namoro”, na voz de Rui Mingas.
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