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Joe Biden admite ataque contra as forças iranianas

O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, admitiu, nesta segunda-feira, “novas acções” contra as milícias apoiadas por Teerão, inclusive contra o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão, numa altura em que são bombardeados grupos na Síria e no Iraque.

06/02/2024  Última atualização 09H40
Presidente Biden promete neutralizar os grupos na Síria © Fotografia por: DR

"Se for necessário, irei ordenar medidas adicionais, inclusive contra o Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica, os seus elementos e instalações, no sentido de responder a uma série de ataques contra instalações dos EUA”, pode ler-se numa carta escrita por Biden e dirigida ao Congresso norte-americano.

O Chefe de Estado norte-americano defende a necessidade de se realizarem bombardeamentos a alvos de milícias pró- Irão no Médio Oriente, assegurando que os Estados Unidos estão a tomar "as medidas necessárias e proporcionais”, em "conformidade com o Direito Internacional”.

Segundo o Presidente democrata, os bombardeamentos são "uma resposta aos ataques de milícias afiliadas ao Corpo da Guarda Revolucionária do Irão (IRGC) contra representantes e instalações dos Estados Unidos no Iraque e na Síria.

"Estes ataques continuaram e espalharam-se para um terceiro país”, afirmou Biden, referindo-se a um ataque perpetrado há uma semana que matou três soldados norte-americanos numa base do Nordeste da Jordânia.

Em resposta, os militares dos EUA iniciaram na sexta-feira um conjunto de ataques aéreos contra grupos apoiados pelo Irão na Síria e no Iraque. Segundo o Comando Central dos Estados Unidos (CENTCOM), os ataques "foram direccionados especificamente contra 85 alvos pertencentes à Força Quds, que integra a Guarda Revolucionária iraniana, e às suas milícias afiliadas”.

De acordo com o Governo iraquiano e com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos, organização não-governamental com sede em Londres, estes ataques na Síria e no Iraque fizeram 45 mortos, alguns deles civis.

No sábado, os EUA e o Reino Unido lançaram uma nova onda de ataques no Iémen, com caças e navios, contra 13 locais associados a instalações de armazenamento de armas, sistemas de mísseis e de radares, pertencentes aos houthis, apoiados pelo Irão.

Cerca de 900 soldados norte-americanos estão destacados na Síria e 2.500 no Iraque, como parte de uma coligação internacional criada para combater o Estado Islâmico, quando este controlava áreas inteiras do território sírio e iraquiano.

A derrota do grupo fundamentalista e terrorista foi declarada no Iraque em 2017 e na Síria em 2019, mas a coligação permaneceu no país para lutar contra as células terroristas que continuam a realizar ataques.

Desde meados de Outubro, mais de 165 ataques com 'drones' e foguetes tiveram como alvo as forças norte-americanas destacadas no Iraque e na Síria, com as primeiras mortes a registarem-se no ataque perpetrado a 28 de Janeiro na Jordânia.

Escalada do conflito israelo-palestiniano

As acções dos Estados Unidos e Reino Unido contra os hudhis do Iémen e grupos afiliados ao Irão são uma consequência directa do conflito israelo-palestiniano, segundo a justificação das lideranças das organizações extremistas. No entanto, os ataques norte-americanos têm lugar numa altura em que Israel intensificou os bombardeamentos na Faixa de Gaza, aumentando o número de mortos. 

Nessa altura, o número de mortos subiu para 27.365, depois de terem sido registadas mais 127 vítimas nas últimas 24 horas, segundo dados ontem divulgados pelo Ministério da Saúde, controlado pelo movimento Hamas.

Contudo, este número poderá ser bastante superior, uma vez que não inclui os 8.000 corpos que deverão estar entre os escombros. Desde 7 de Outubro (quando a guerra começou) até hoje, 66.630 pessoas ficaram feridas.

"A ocupação israelita cometeu 14 massacres contra famílias na Faixa de Gaza, o que provocou 127 mártires e 178 feridos nas últimas 24 horas”, indicou ontem o porta-voz do Ministério da Saúde, Ashraf al Qudra.

No sábado à noite, em Rafah, um jardim de infância foi bombardeado, matando, pelo menos, duas crianças e ferindo dezenas. Nas últimas semanas, Israel tem concentrado a sua ofensiva na zona Sul de Khan Younis.

Bombardeados alvos em regiões do Iémen

As forças armadas norte-americanas "realizaram um ataque de autodefesa” contra "um míssil de cruzeiro de ataque terrestre huthis” e, mais tarde, contra "quatro mísseis de cruzeiro anti-navio, todos preparados para serem lançados contra navios no Mar Vermelho”, informou o comando norte-americano para o Médio Oriente (Centcom) nas redes sociais.

Washington "identificou os mísseis em zonas do Iémen controladas pelos huthis e determinou que representavam uma ameaça iminente para os navios da Marinha dos Estados Unidos e navios mercantes na região”, acrescentou o Centcom. Foi lançado um taque aéreo contra os rebeldes apoiados pelo Irão, naquela que foi a terceira acção militar conjunta.

Os huthis começaram a atacar a navegação no Mar Vermelho em Novembro, afirmando que tinham como alvo navios ligados a Israel "em solidariedade” com os palestinianos em Gaza, onde Israel está em guerra com o movimento islamita Hamas.

As forças norte-americanas e britânicas retaliaram com ataques contra os Huthis, que, desde então, também designaram os interesses de Washington e Londres como alvos legítimos.

 

  

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