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Mali: Junta Militar recebe apoio da comunidade juvenil

Manifestantes ocuparam, terça-feira, as ruas de Bamako em apoio à decisão da Junta Militar do Mali de retirar o país da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), em consequência do agravamento económico e social resultante das sanções aplicadas ao país.

07/02/2024  Última atualização 10H05
Jovens realçam medidas implementadas pelo Governo do Mali a favor da coesão social © Fotografia por: DR

Segundo a AFP, os manifestantes, predominantemente jovens e crianças em idade escolar, brandiam cartazes com slogans como "Abaixo a CEDEAO. Viva a AES". No entanto, a Aliança dos Estados do Sahel (AES), uma organização recém-formada que inclui o Mali, o Níger e o Burkina Faso, foi apontada como uma alternativa pelos manifestantes.

A situação agravou-se depois de meses de escalada de tensões entre as três nações afectadas pelo golpe e a CEDEAO, culminando com o súbito anúncio da retirada dos países da organização.

Numa declaração conjunta, as Juntas Militar do Níger, Mali e Burkina Faso acusaram a CEDEAO de falta de apoio e denunciaram as sanções que lhes foram imposta "ilegítimas, desumanas e irresponsáveis" relacionadas com o golpe. Nomeadamente, a CEDEAO divulgou um comunicado afirmando que não tinha sido formalmente notificada da decisão de retirada.

Esta medida, sem precedentes, marca a primeira vez, nos quase 50 anos de existência da CEDEAO, que os Estados-membros se retiram dessa forma. Os analistas manifestaram preocupação, considerando este desenvolvimento como um duro golpe para o bloco regional e uma potencial ameaça à estabilidade da região da África Ocidental.

Os críticos, incluindo muitos políticos e antigos funcionários do Mali, veem a decisão da junta como um retrocesso em termos de integração regional. A medida provocou desaprovação generalizada dentro do país, levantando questões sobre as implicações para as relações diplomáticas do Mali e a sua posição na comunidade internacional.

À medida que a situação se desenrola, espera-se que as repercussões da saída do Mali da CEDEAO repercutam em toda a região, lançando uma sombra sobre a capacidade do bloco para enfrentar as ameaças à segurança e manter a coesão regional, concluiu um analista.

Agravamento da situação humanitária em Menaka

As condições humanitárias estão a piorar no Mali, com a chegada esta semana de mais de 4 mil pessoas deslocadas internamente, na região de Menaka, no Norte do país, alertou, ontem, a Organização Não-Governamental Comité Internacional de Resgate, citada pela AFP.

"Mais de sete milhões de pessoas, ou seja, cerca de 32% da população, necessitam de assistência humanitária no Mali. Só na região de Menaka, foram registadas 4.690 novas pessoas deslocadas internamente”, declarou o Comité Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês) num comunicado em que apela ao acesso "urgente” das populações à ajuda humanitária.

A nota especifica que, a além do afluxo maciço de pessoas deslocadas, Menaka enfrenta, desde Dezembro de 2023, um problema de acesso a produtos alimentares de base, com os mercados a ficarem vazios e a quase ausência de voos que transportem medicamentos e alimentos para aquela região. O IRC descreve a situação em Menaka como "um desastre” e apelou a uma acção humanitária "rápida” para salvar a população local.

"Dada a situação actual em Menaka, as populações precisam de tudo, a começar pelas necessidades humanitárias mais básicas, como água, alimentos, abrigo, saneamento adequado, mas, devido à particularidade da situação, os riscos de protecção das mulheres e das crianças preocupam-nos muito”, concluiu o director do IRC, Matias Meier, citado em comunicado.

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