Em diferentes ocasiões, vimos como o mercado angolano reage em sentido contrário às hipóteses académicas, avançadas como argumentos para justificar a tomada de certas medidas no âmbito da reestruturação da economia ou do agravamento da carga fiscal.
O conceito de Responsabilidade Social teve grande visibilidade desde os anos 2000, e tornou-se mais frequente depois dos avanços dos conceitos de desenvolvimento sustentável. Portanto, empresas socialmente responsáveis nascem do conceito de sustentabilidade económica e responsabilidade social, e obrigam-se ao cumprimento de normas locais onde estão inseridas, obrigações que impactam nas suas operações, sejam de carácter legal e fiscal, sem descurar as preocupações ambientais, implementação de boas práticas de Compliance e Governação Corporativa.
Xenofobia, tal qual camaleão, coberta consoante as circunstâncias, é praga antiga, sem fim a vista, mas, mesmo assim, não deixa de surpreender os mais incautos, ignorantes sem culpa, dos quais se serve para difundirem desígnios criminosos.
A xenofobia sempre viveu da ignorância dos desesperados - ou do desespero dos ignorantes? - para arregimentar vítimas de circunstâncias que podiam, deviam, ter sido atempadamente evitadas, por muito dispendiosas que fossem, capazes, contudo, de evitarem custos que, sabe-se lá quando?, hão-de ser cobrados...
A xenofobia, nas mais diversas roupagens com que se cobre, continua por aí à solta, de modo mais ou menos descarado, menos ou mais acintoso, falando quantas línguas e pronúncias o Mundo tem.
A xenofobia anda frequentemente de mãos entrelaçadas com o racismo, chegando a confundir-se na ignorância que as move e faz mover, numa corrente de alto risco que nem descidas, em carros de rolamentos, do Morro do Mbinda e Serra da Leba juntas.
As discriminações, sejam quais forem, são reflexos de tanta coisa! Quase sempre marcas de infância, adolescência, juventude. "Correctivos” sentidos na parte visível do corpo, mas muitas vazes, no interior, quando não amigados ou... "apenas” observados.
A maioria daquelas situações, tendo como actores principais quem tinha obrigação de proteger. Médicos e psicólogos sequer foram "tidos ou achados”, por não os haver ou arredados pela vergonha concebida pela ignorância. Há, como se verifica, motivos para a inflação mundial da xenofobia e apêndices. Justificações para perdões é que não.
Neste Mundo, movido ao instante, pela rapidez das novas tecnologias, encharcado de ignorâncias de toda a espécie, também há factos a comprovar ser possível contrariar xenofobias, racismos e tudo quanto os ornamenta e impulsiona. É que hoje, há especialistas de todas as áreas da saúde, inclusivamente das cadeias, mesmo nas de alta segurança.
Xenofobia, apesar de todos os progressos tendentes a travar-lhes intuitos perversos, continua a cavalgada mundial, mormente em Estados tidos como modelos na defesa dos direitos fundamentais do ser humano e que, por isso mesmo, deviam ser , mas não são, rigorosos no tratamento da Pessoa, independentemente de origens quanto a local de nascimento, género, tom da epiderme, sotaques, instrução académica, aptidões profissionais.
Angola e Portugal tem a ligá-los laços históricos inquebrantáveis, que nem a guerra que fomos forçados a travar para nos libertarmos das algemas do colonialismo de Salazar e Caetano conseguiu afectá-los. Desde a nossa Independência, ocorreram altos e baixos, a nível de dois Estados, incapazes, todavia, de porem em causa laços seculares que nos unem alicerçados, muitas vezes, em cruzamentos sanguíneos.
A xenofobia bem tem tentado pôr os dois povos de costas voltadas. O mais que tem conseguido é causar natural indignação. E neste aspecto continuam a ser os angolanos os mais provocados e, mesmo que nos escudemos no provérbio português "vozes de burro não sobem ao céu”, cansa tanta raiva cuspida pela ignorância, mesmo em plena época carnavalesca vivida há poucos dias.
Uma das últimas investidas da xenofobia activa em Portugal sucedeu há poucos dias, durante o Carnaval. Um canal de televisão "noticiava” com uma frase a ocupar toda a largura do aparelho difusor: "máfia angolana investigada”. O apresentador "explicou” que dois homens tinham morto a tiro um indivíduo à entrada do prédio, onde morava, nos arredores de Lisboa, fugindo de seguida, num carro que os aguardava conduzido por um parceiro. "Pormenor” importante; junto ao cadáver havia notas de dólares e Kwanzas. Ah!, estava "esclarecido” o mistério da "fonte” não citada quando devia ter sido. Deixada para o fim, causa maior ansiedade no telespectador.
De ansiedade em ansiedade, no dia seguinte, "uma repórter” dá mais pormenores. A fonte continuava a ser os Kwanzas deixados no local do acidente. Se isto é máfia somente se for de amadores. Então, se fossem a sério, assim género Al Capone ou Lucky Luciano, deixavam a massa, para a bófia os cangar "enquanto o diabo esfrega um olho”? Nem como argumento de filme, mesmo comédia.
Este caso que dava vontade de rir, não fosse a gravidade da iniciativa e da acção, que resultou numa morte, sempre de lamentar seja de quem for, é apenas mais um a comprovar que a xenofobia anda à rédea solta em órgãos de comunicação, que foram criados para outros fins norteados pela verdade
Este caso recente de "grupos da máfia angolana” não é o primeiro, em Portugal, a ser usado em crimes de morte. Há relativamente poucos anos, uma mulher que assassinou o marido, para lhe ficar com a massa e derretê-la com o então amante, pôs aquele país a chorar com pena dela, que afirmou terem sido angolanos a matarem o consorte. Acabou, já atrás das grades, a confessar a verdade. Vá lá, antes tarde do que nunca...
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LoginA ideia segundo a qual Portugal deve assumir as suas responsabilidades sobre os crimes cometidos durante a Era Colonial, tal como oportunamente defendida pelo Presidente da República portuguesa, além do ineditismo e lado relevante da política portuguesa actual, representa um passo importante na direcção certa.
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