Cultura

Projecto “Dança que Kuya” na rota do Ballet Kilandukilu

O Ballet Tradicional Kilandukilu (BTK), no quadro da jornada das actividades comemorativas dos 40 anos de existência, assinalados no sábado, abriu o ano artístico de espectáculos na participação do projecto cultural “Dança que Kuya”, uma Associação Angolana de Dança (AADANÇA), que decorreu, no Palácio de Ferro, em Luanda.

19/03/2024  Última atualização 10H34
Grupo tem sido uma das referências no mercado nacional na defesa das danças tradicionais © Fotografia por: DR

O espectáculo do grupo, foi uma viajem pela cultura angolana, onde a dança contemporânea  e a música tradicional foram evidenciadas na preservação da matriz cultural nacional.

A sinfonia dançante dos integrantes ecoou o palco, pela forma magnífica na expressão dos movimentos de corpo dos bailarinos que valorizou ainda mais o projecto "Njango da Dança”. Esta temporada, uma parceria com a gestão do Palácio de Ferro, a amostra coreográfica desvela-se em harmonia com um calendário meticulosamente programado, entrelaçando grupos dos mais diversos estilos.

A jornada inaugural no Palácio de Ferro, embora grandiosa pela grande exibição dos demais grupos, com destaque para o Bailado Elenco Dance, Fusarte, Lambada do Kinaxixi,  Grupo Vidarte, Ballet Império de África e o próprio Ballet Tradicional Kilandukilu, foi apenas o primeiro compasso de uma melodia que almeja conquistar múltiplos cenários.

Segundo o director artístico do Ballet Kilandukilu, Maneco Vieira Dias a intenção é alargar o horizonte, buscando palcos adicionais que possam acolher a diversidade de grupos ansiosos por partilhar experiências artísticas. No compasso do espectáculo multifacetado realizado no sábado, o grupo procurou fazer uma viagem no tempo e pela diversidade cultural do país. O espectáculo que teve a duração de 1h20 minutos.

Coincidentemente, no dia de aniversário, o Ballet Tradicional Kilandukilu, partilhou o palco com os demais e exibiu as obras "Iamayetu” e "Kingoma Ngoma  2”, dois temas do vasto repertório do grupo.

Maneco Vieira Dias referiu que o programa das actividades arrancou com a vinda no mês de Fevereiro de um grupo de turistas estrangeiros no quadro do projecto "Kizaka a Viagem da Dança” que é uma parceria com o Ballet Tradicional Kilandukilu, coordenado pelo Mestre Petchú, bailarino, coreógrafo e professor, formador e responsável pelo núcleo do Kilandukilu em Lisboa.

A vinda dos estrangeiros, afirmou, teve como objectivo a divulgação dos vários estilos de dança no exterior com predominância para o Semba e Kizomba. O projecto, argumentou, tem estado a promover vários roteiros turísticos por Angola, onde incluiu na sua agenda internacional de visitas a "Galeria do Semba” e aos grupos carnavalescos da capital do país.

Maneco Vieira Dias lembrou que a estadia dos turistas de várias nacionalidades que estiveram recentemente no país para conhecer melhor as origens dos dois estilos musicais e danças, foi pelo seu interesse  em conhecer e descobrir os encantos e a cultura dos angolanos. "Os turistas participaram dos debates programados no âmbito da celebração dos 40 anos do Kilandukilu, dos encontros de dança, sobretudo do Carnaval e foram realizadas visitas a vários locais e bairros históricos, bailes e farras de rua.”

 Neste momento, disse, além de Luanda, o projecto do Kilandukilu está expandido no Uíge com o núcleo (Nkembo Kilandukilu), em Lisboa, Portugal, com a designação (Kilandukilu Portugal) e Recife (Brasil), numa parceria com a organização "Pés no Chão”, cuja missão é tirar crianças e jovens adolescentes das ruas, ocupando-os em actividades culturais, tendo sido apadrinhado pelo então Adido Cultural de Angola no Brasil Carlos Lamartine.

Por via do movimento, do ritmo, da música tradicional e consequentemente da dança, segundo o director artístico, o grupo tem sabido levar bem alto a bandeira do país através da cultura e tradições no estrangeiro. O Kilandukilu, frisou, tem apostado, igualmente, no movimento das danças Semba e Kizomba, num processo iniciado há 27 anos, altura que parte do Kilandukilu se estabeleceu em Lisboa, Portugal sob liderança do mestre Petchú, professor, formador, coreógrafo e responsável do Kilandukilu em Portugal, sendo um dos pioneiros deste grande movimento que hoje se espalhou pelo mundo.


Grupo passa a Academia Arte e Cultura

O Ballet Tradicional Kilandukilu (BTK), doravante transformou-se em Academia Arte e Cultura Kilandukilu, informou, director artístico do Ballet Kilandukilu, Maneco Vieira Dias. O grupo, explicou, nasceu como um pequeno grupo no bairro Maculusso em Luanda. "Evoluímos e hoje criamos a Associação Kilandukilu Arte e Cultura, que é materialização dos nossos projectos, porque queremos continuar a ser uma referência dentro das artes performativas no país e no estrangeiro, onde o objectivo será sempre criar, fazendo das nossas obras a imagem da resiliência e criatividade, numa viagem com contornos inapagáveis.”

Chegando nessa estação, disse, é uma mostra do comprometimento com a cultura nacional e continuam "mergulhados na ânsia do bem fazer, partiremos para a criação da academia do conhecimento, numa partilha com todos.” Agradeceu a todos que de forma directa ou indirecta contribuíram para que o grupo se mantivesse até hoje, apesar dos obstáculos ao longo da caminhada, às vezes tortuosos, mas bastante prazerosos.

O grupo, disse, tem vindo a trabalhar para realizar a 1ª edição do livro de "Vivências e Caminhos" que será uma obra que vai retratar a sua trajectória. Para além do historial, serão também incorporados às suas criações desde a sua recolha até à sua apresentação final", afirmou o director do grupo.

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