Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
O quadro sénior da consultora Deloitte, que interveio num painel sobre Angola, entende que se está a atravessar uma era de grandes oportunidades de transformação.
O que representa para a indústria do óleo e gás angolano a realização e a presença neste fórum de Cape Town, na África do Sul?
Angola
é, a par da Nigéria, um dos maiores produtores de petróleo e gás do Continente,
e este é um momento-chave para captar a atenção de investidores internacionais
e operadores, com o objectivo de reforçar a sua posição no sector no país. Este
certame na África do Sul marca sempre a agenda dos grandes operadores e as
principais tendências de mercado.
O interesse pelo continente de outros parceiros geoestratégicos pode traduzir-se em mais investimento no sector do Petróleo e Gás nos países produtores?
Indelevelmente,
e em particular em Angola, o declínio das reservas de petróleo dá um novo
impulso à desejada transição energética para uma economia mais diversificada e
matriz energética mais sustentável, abrindo-se oportunidades de operação e
cooperação ao longo da cadeia de valor do sector de Energia.
Os governos africanos dão a devida atenção à indústria do OG e aos desafios que se lhe colocam?
Existem
áreas de forte potencial que poderiam beneficiar de uma visão mais agregada e
continental e esta aposta funcionaria como uma alavanca decisiva no
desenvolvimento do sector e de outras indústrias adjacentes. Os recursos
naturais disponíveis, em particular a nível subsaariano, podem ter uma matriz
de geração complementar e agregada entre os diferentes países, maximizando a
sua disponibilidade energética e optimizando o investimento e o custo associado
à sua exploração.
Actualmente, debate-se muito sobre a continuidade da exploração petrolífera e o avanço necessário da transição energética. Qual é a visão da Deloitte sobre a co-habitabilidade destes dois binómios?
Na
perspectiva da Deloitte, estes binómios podem favorecer países como Angola, uma
vez que o país tem enormes potencialidades na sua capacidade produtiva e pode
aumentá-la com a co-habitabilidade. A capacidade de geração de energia limpa,
através dos nossos recursos hídricos e dos investimentos em curso em projectos
solares, pode posicionar Angola na linha da frente no sector energético.
O
facto deste encontro de Cape Town ocorrer poucos dias depois do que aconteceu
em Setembro em Luanda, o que é que acrescenta ao nosso país? O painel sobre
Angola, que moderou, que imagem transmitiu da nossa actividade petrolífera e
dos resultados que deve alcançar a curto prazo, designadamente ao nível da
estabilização dos níveis de produção?
O
encontro realizado em Luanda foi muito positivo e a presença do
secretário-geral da OPEP, Haitham Al-Ghais, no mesmo é a confirmação disso. No
entanto, o Africa Oil Week é um certame com três décadas de existência e a par
do World Petroleum Congress os eventos de maior notoriedade mundial para o
sector petrolífero. Neste contexto, o painel sobre novas Licenças de Operações
Onshore e exploração de campos marginais num contexto internacional foram chave
para suster e potencialmente aumentar os níveis de produção do país nos
próximos cinco anos.
África pode reforçar a sua posição e importância na geopolítica mundial do sector petrolífero? E Angola, que dizem determinadas fontes, é o terceiro produtor africano, pode subir neste ranking?
África
tem condições para reforçar a sua importância geoeconómica, pois tem uma
capacidade potencial real de garantir um valor de produção agregada equivalente
a cinco milhões de barris/dia num cabaz de produção da Líbia, Nigéria e Angola
e, apenas nesse cenário em que a Líbia e a Nigéria se aproximem de uma produção
diária de dois milhões de barris/dia é que Angola será o terceiro produtor,
pois à data, os três países disputam a posição de maior produtor continental
com produção média em cada um entre 1,1 e 1,25 milhões de barris/dia.
Adicionalmente, no contexto continental,
devemos considerar o potencial de geração de gás de Moçambique e que, se
confirmando o reinício das operações locais anunciado na semana passada pelo
CEO da TotalEnergies Patrick Pouyanné, é uma
alavanca importante para África no contexto geoeconómico mundial.
Há
muitas reservas confirmadas em Angola e noutros países do continente, mas a
falta de tecnologia interna e de mão-de-obra coloca o continente sob forte
dependência externa. Que efeitos tem esta dependência na imagem que o sector de
Petróleo e Gás projecta no mundo sobre África?
No
que concerne à operação, África tem mão-de-obra qualificada no sector há vários
anos. No caso particular de Angola desde 2009/ 2010 que a maioria das operações
são asseguradas por mão-de-obra nacional e com reconhecimento por partes dos
operadores de referência global, conhecidos como SuperMajors, e uma prova disso
mesmo foi o facto de, em 2020, em plena pandemia de Covid-19 a maioria dos
operadores presentes em Angola terem reduzido quase na totalidade a presença de
quadros estrangeiros nas operações nacionais sem impacto na produção agregada
do país nesse ano e nos anos seguintes. Relativamente à tecnologia, temos ainda
muitas oportunidades de melhoria e desenvolvimento, uma vez que esta é
maioritariamente desenvolvida em dois pólos industriais, Estados Unidos da
América e Europa.
Angola diz sim à transição energética, mas sem abdicar da exploração petrolífera tradicional… é possível conciliar uma coisa e outra?
Estamos
a atravessar uma era de grandes oportunidades de transformação e para
conseguirmos responder aos desafios de sustentabilidade precisamos de adotar
uma visão integrada das vantagens e dos desafios com que o mercado africano,
mais especificamente o angolano, enfrenta. Os modelos de co-habitabilidade são
parte deste processo de transição energética e reflectem à procura de soluções
globais por parte dos líderes e dos próprios consumidores. Diria que Angola
deve aproveitar o facto de ter exploração petrolífera tradicional para
sustentar e subsidiar esta transição energética.
Quais as mensagens-chave que ficaram do painel em que participou sobre transição energética?
A
mensagem-chave do painel, no contexto
continental, é de encarar a transição energética como um processo contínuo e
faseado, e não como algo abrupto, pois a capacidade de desenvolver fontes alternativas
de energia é distinta em cada país, pelo que é crucial garantir a
sustentabilidade do processo, de forma a não pôr em causa o desenvolvimento
industrial e económico de cada país e, acima de tudo, garantir o acesso da
energia à população e aos serviços-base de uma sociedade.
A mensagem sobre a TE está a ser bem comunicada global e localmente?
Penso
que a compreensão sobre o tema e consequentemente as mensagens sobre o mesmo
estão a melhorar. Antes da pandemia de Covid-19 o movimento de transição estava
a ser encarado de uma forma algo abrupta e pouco sustentável, pois colocava em
questão a capacidade de países menos desenvolvidos e com menor capacidade
financeira poderem manter a sua rota de evolução social e industrial. A
situação de pandemia vivida em 2020, fomentou uma maior reflexão sobre o tema
e, hoje, considero que o rumo que estamos a seguir é mais agregador e
sustentável, e assenta numa visão de adição de recursos alternativos e numa
conversão faseada. Neste contexto Angola não é excepção, e o exemplo disso é
que, para além dos investimentos na exploração e produção petrolífera, que tem permitido
aumentar a produção nacional, existem vários projectos de energias renováveis
em fase avançada de execução.
O desinvestimento na exploração tradicional deve-se a factores de mercado ou a opções estratégicas dos financiadores?
O
desinvestimento deveu-se essencialmente à incerteza causada pela pandemia de
Covid-19. Após isso, nos anos de 2021 e em particular em 2022, já assistimos a
novos investimentos por parte dos grandes operadores petrolíferos a nível
global e também em Angola. Naturalmente, que as grandes companhias e as
instituições financeiras estão, hoje, mais receptivas a projectos que com uma
pegada de carbono mais neutra, mas também neste contexto, a análise e o balanço
entre projectos de exploração petrolífera tradicional e renováveis está
actualmente mais equilibrado do que há 3 anos.
Quanto custará a países como Angola operacionalizar a TE?
O
valor dessa "factura” é distinto em cada país, pois depende da conjugação de
dois factores: (I) a base de recursos naturais exploráveis, e (II) o nível de
maturidade de exploração que cada país tem. Neste contexto, o processo de
transição energética em Angola é, por exemplo, mais efectivo do que num país
que não tem igual nível de reservas geológicas e hídricas, e que irá ter um
custo maior associado à transição, na medida em que irá ter menor capacidade de
adição de diversas fontes de energia para suprir as suas necessidades de
consumo.
Até ao final do ano que comportamento se pode esperar do sector de óleo e gás em Angola e no mundo?
No
contexto de Angola, aguardamos com expectativa a receptividade e interesse dos
operadores e investidores à licitação dos 12 blocos anunciados pela ANPG na
semana passada, e o potencial impacto na produção nacional das campanhas de
revitalização de produção em execução por alguns operadores. No continente
Africano, as atenções estão centradas na reactivação da operação de gás em
Moçambique a no arranque da indústria petrolífera na Namíbia. A nível global,
penso que teremos um olhar atento da OPEP à dinâmica económica global, de forma
a controlar os índices de produção no sentido de não termos um recuo abrupto do
preço do barril em mercado internacional.
O que podemos concluir de tudo o que disse?
Conforme referi nesta entrevista e está sistematizado no estudo Africa Energy Outlook apresentado pela Deloitte esta semana, o ponto de partida para um caminho de transição energética em Angola é interessante, mas necessita de forte investimento em transmissão e infra-estrutura de distribuição, visto que a interconectividade de Angola é limitada. Desta forma, para garantir uma matriz de geração mais limpa e aumentar a taxa de electrificação nacional será necessário investirmos no quadro regulamentar de forma a atrair investidores privados e continuar a desenvolver conhecimento técnico dos quadros nacionais de forma a garantir a ambicionada transição energética em Angola.
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LoginKaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
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