Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A ministra das Finanças chefiou uma delegação angolana que participou, desde segunda-feira passada até domingo, em Washington, nas reuniões de Primeira do Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional (FMI). Em entrevista à Rádio Nacional e ao Jornal de Angola, Vera Daves de Sousa fez um balanço positivo das reuniões – oitenta, no total –, sendo que, numa delas, desafiou a Cooperação Financeira Internacional (IFC) a ser mais agressiva e ousada na sua actuação no mercado angolano. O vice-presidente da IFC respondeu prontamente ao desafio, dizendo que até está a contar ter um representante somente focado em Angola e não mais a partilhar atenção com outros países vizinhos na condução local do escritório do IFC. Siga a entrevista.
Angola vai formalizar, no final deste ano, junto da Comissão da União Africana, a candidatura à presidência rotativa daquela organização continental. Na eventualidade de ser eleito, o país vai presidir, pela primeira vez, os destinos daquele órgão máximo da organização. Antes disso, Angola concorre a uma vaga como membro do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, para o biénio 2024-2025, cujas eleições acontecem já na próxima Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, prevista para os dias 17 e 18 de Fevereiro deste ano.
Na entrevista ao Jornal de Angola, o embaixador de
Angola na Etiópia e representante Permanente junto da União Africana (UA),
Miguel Domingos Bembe, considera fundamental a presença de Angola naquele órgão
estratégico da União Africana em matéria de Paz e Segurança
Que balanço faz das relações entre Angola e Etiópia?
Como tenho vindo a sublinhar e reitero, as relações entre Angola e a
Etiópia são excelentes nos domínios bilateral e multilateral. Os laços de
amizade e de cooperação entre ambos os países são históricos e permanentes.
Constituem um testemunho dos valores partilhados, das aspirações e dos
compromissos colectivos, visando o progresso e o desenvolvimento sustentável,
sempre na perspectiva da defesa do Pan-africanismo e do multilateralismo, para
materializar a Agenda 2063 da União Africana (UA), denominada "A África
que queremos”.
Já estão identificadas as áreas em que os dois países pensam alargar a
cooperação bilateral?
As áreas de interesse comum estão identificadas e está-se a trabalhar, de
forma progressiva, para a sua efectivação. Ambos os países apresentam um
potencial económico que pode servir como força motriz para estimular uma
cooperação bilateral mais abrangente com oportunidades de investimentos e
parcerias em vários sectores, nomeadamente agrícola, indústria de
agro-processamento e farmacêutica, desenvolvimento de parques industriais,
indústria de oleodutos e de aviação. Reafirmo, por isso, a determinação e
engajamento para o fortalecimento e a expansão das relações de cooperação
bilateral, contribuindo no processo de desenvolvimento dos dois países.
Em que pé está o processo para a assinatura do Acordo Geral de Cooperação nos
domínios económico, técnico, científico e cultural, acordo sobre a isenção de
vistos em passaportes diplomáticos e de serviço e o memorando de entendimento
sobre o estabelecimento do mecanismo de consultas políticas?
À semelhança dos outros domínios de actividade, a diplomacia também não
escapa à dimensão processual e normativa. As bases jurídicas são,
absolutamente, essenciais para regular e promover uma cooperação saudável entre
os Estados e povos, na perspectiva de garantir confiança e prevenir eventuais
conflitos inerentes às relações humanas/estaduais. O processo de dinamização e
consolidação das relações de cooperação entre Angola e a Etiópia requer a
negociação e assinatura de instrumentos jurídicos, que deverão facilitar o seu
alargamento nas áreas específicas de interesse sectorial, nomeadamente Justiça
e Direitos Humanos, Petróleo e Gás, Exploração Mineira, Informação e
Telecomunicações, Turismo, Serviços Financeiros, Reciclagem dos resíduos
sólidos, Ensino Superior, Formação técnico-profissional e Aeronáutica e Artes e
Cultura (interacção e intercâmbio artístico-cultural). Trata-se de um processo
que leva o seu tempo!
O que se pretende alcançar com a reavaliação dos dois únicos instrumentos
jurídicos bilaterais existentes entre os dois países, isto é, nos domínios dos
Serviços Aéreos, iniciados em 1977, e do Comércio, desde 1981?
A reavaliação e revisão destes dois instrumentos jurídicos é absolutamente
inadiável, tendo em conta a sua relevância na implementação das orientações
estratégicas de Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonçalves
Lourenço, relativas à diplomacia económico-comercial em Angola, que se destina,
fundamentalmente, à revitalização das actividades político-diplomáticas
nacionais, através da adopção de uma nova cultura e abordagem institucional
orientada para a materialização dos objectivos económicos e comerciais do
relacionamento bilateral e multilateral, a promoção da imagem do país no
exterior, a exportação de bens e serviços e a captação de investimento directo,
em alinhamento com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030
das Nações Unidas e a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), um
dos projectos emblemáticos da Agenda 2063 da União Africana. De igual modo, a
revisão destes dois instrumentos permitirá aos dois países voltarem a exportar
os seus produtos para os respectivos mercados.
Isso já acontecia nos termos do Acordo Comercial sobre Trocas de Produtos e
Mercados, de 1981...
Sim. Recordo que, nos termos do Acordo Comercial sobre Trocas de Produtos e
Mercadorias de 1981, a Etiópia exportava carne, sementes oleaginosas e vinho
para Angola, enquanto as exportações angolanas para o mercado etíope incluíam
produtos petrolíferos, petróleo bruto, papel de alumínio, mármore, farinha e
óleo de peixe, entre outros.
Os dois países tinham estabelecido, também, uma Comissão Mista dos Ministérios
do Comércio Externo para acompanhar a implementação do referido acordo. Importa
redinamizar este importante processo.
Já começou a trabalhar na materialização das novas linhas estratégicas da
diplomacia angolana, focadas sobretudo na promoção da imagem do país e atracção
de investimentos?
Naturalmente. Trata-se de um processo contínuo e multissectorial. A sua
concretização passa pelos pressupostos já acima elencados, com o envolvimento
dos diversos responsáveis dos departamentos ministeriais e instituições
nacionais afins, que concorrem, directa ou indirectamente, para a sua
materialização. Importa realçar que, no âmbito das comemorações do 48º aniversário
da Independência Nacional, a Missão Diplomática de Angola na Etiópia realizou,
no dia 27 de Novembro, numa conhecida unidade hoteleira de Adis Abeba, um
Workshop Interactivo sobre as oportunidades de investimento em Angola, com o
objectivo de promover as potencialidades nacionais nos diversos domínios e
transmitir a imagem de um bom país para viver, desfrutar, investir e fazer
negócios.
Que resultados foram já alcançados no quadro desta iniciativa?
Com este evento, marcado pela participação de investidores, empresários e
representantes de câmaras de comércio e indústria da Etiópia, Djibouti e
Eritreia, bem como representantes comerciais das Missões Diplomáticas baseadas
na terceira maior cidade diplomática do mundo, Adis Abeba, deu-se um importante
passo no sentido de reforçar a cooperação económica entre Angola e vários
países africanos, asiáticos, americanos e europeus.
Portanto, em termos de cooperação bilateral, está tudo em aberto e há grandes
perspectivas de uma longa caminhada em comum, tendo como alvos prioritários a
Etiópia, o Djibouti e a Eritreia.
Qual é o quadro actual da balança comercial entre Angola e Etiópia?
Não há dados exactos sobre esta matéria, que depende de um trabalho
conjunto em perspectiva.
Quantos etíopes investem em Angola e quantos angolanos o fazem na Etiópia?
Estamos conscientes de que devemos trabalhar cada vez mais para estimular a
aposta dos investidores angolanos no mercado etíope, em particular, e africano,
em geral. Já existem iniciativas neste sentido. É o exemplo do presidente do
conselho de administração do grupo empresarial angolano PITABEL e promotor da
Universidade Óscar Ribas, senhor Abel Segunda, que, em Novembro passado,
desenvolveu, em Addis Abeba, contactos de prospecção e de captação de
oportunidades de negócio e parcerias de cooperação com empresários locais nos
diversos domínios.
No sentido inverso, temos conhecimento da construção de uma clínica,
"Grace Medical Center”, na zona do Morro Bento, em Luanda, em fase de
inauguração, num investimento de cerca de um milhão de dólares. Existem,
também, etíopes a investirem nos domínios Imobiliário e da Restauração.
Que outros sectores mais são explorados na relação económica entre Angola e
Etiópia?
Tal como afirmei na resposta anterior, os etíopes tendem a apostar,
sobretudo, nos sectores da Aviação Civil, Saúde, Imobiliário e da Restauração,
estando, também, fortemente interessados no Comércio, Turismo, Ensino Superior
e Formação técnico-profissional e na Indústria Mineira angolana.
A Etiópia é um país cuja espinha dorsal económica assenta, essencialmente,
na agricultura, sendo, por isso, um dos maiores produtores de café do mundo.
Angola pensa em beber dessa experiência?
Sim, é uma das áreas-alvo, no domínio da Agricultura e Agro-industrial,
especialmente, a promoção de intercâmbio de experiências na área da indústria e
tecnologia e do agro-processamento, no âmbito do projecto do Acordo Geral de
Cooperação nos domínios Económico, Técnico, Científico e Cultural que os
Governos de Angola e da Etiópia pretendem assinar. A Etiópia é um dos maiores
produtores mundiais de café, a par do Brasil, Vietname, Colômbia e Indonésia,
que ocupam os primeiros lugares do ranking. Embora a origem do café não seja,
claramente, conhecida, as principais lendas e relatos sobre este produto
remontam aos anos 575 a 850 DC, na região onde hoje é a Etiópia.
Como é que os dois países podem tirar proveito de valores comuns como a
defesa da democracia, combate à corrupção, resolução pacífica de conflitos para
o fortalecimento das relações bilaterais?
As respostas às perguntas anteriores evidenciam, claramente, a minha visão
sobre a pertinência de ampliar e diversificar as relações entre Angola e a
Etiópia, além da cooperação diplomática, procurando corresponder ao actual
desenvolvimento económico e à influência estratégica de ambos os países.
É crucial explorar, também, as oportunidades da sua localização geopolítica:
Angola, no cruzamento entre as regiões Austral e Central do continente
africano, e a Etiópia no cruzamento entre África, Médio Oriente e Ásia.
Os dois países tendem a assumir o papel de Estado-directores nas respectivas
sub-regiões, apesar dos desafios de ausência de litoral para a Etiópia exigirem
a manutenção de diálogo e a cooperação com os respectivos vizinhos.
E o que tem a dizer sobre a cooperação no domínio da Paz e Segurança?
Angola e Etiópia deverão avaliar, também, a oportunidade de cooperar no
domínio da Paz e Segurança,
designadamente em Operações de Apoio à Paz da União Africana e não só, uma área
na qual este país possui grande experiência. Angola pode partilhar, também, com
a Etiópia, a sua experiência no âmbito da promoção da cultura de paz e
não-violência, que levou a institucionalização do Fórum Pan-Africano para a
Cultura de Paz e Não-Violência - "Bienal de Luanda”, numa iniciativa
conjunta entre o Governo de Angola, UA e UNESCO.
Por último, as ameaças que resultam do terrorismo e extremismo violento e das
mudanças inconstitucionais de Governo em África são desafios à segurança e
estabilidade, que exigem acções concertadas entre os dois Estados, no âmbito
dos mecanismos nacionais e continentais.
Como está a decorrer o processo de candidatura de Angola à presidência da
União Africana para 2025?
Quanto à candidatura do nosso país para presidente em exercício da União
Africana em 2025, devo realçar que, no mesmo ano, os angolanos comemorarão o
50º aniversário da sua Independência. Angola apresenta-se como candidata da
Região da África Austral, que ao abrigo do princípio da rotatividade compete
indicar o país que presidirá a UA em 2025.
Com efeito, a candidatura de Angola foi endossada, de forma unânime, pela
Decisão 28 da 43ª sessão ordinária da Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo
da SADC, realizada no dia 17 de Agosto de 2023, em Luanda, ratificando, assim,
a recomendação da 25ª Reunião do Comité Ministerial do Órgão de Cooperação nas
Áreas de Política, Defesa e Segurança desta mesma organização, ocorrida em
Julho do mesmo ano, em Windhoek, República da Namíbia.
Quando é que a candidatura vai ser, efectivamente, formalizada?
Nos termos dos procedimentos, a candidatura de Angola ao cargo de
presidente em exercício da UA só será formalizada junto da Comissão da UA no
final de 2024. Neste momento, toda a atenção é dada especialmente à candidatura
do nosso país como membro do Conselho de Paz e Segurança (CPS) da União
Africana para o biénio 2024-2025, cuja eleição está para breve.
Na eventualidade de Angola vir a ocupar a presidência da União Africana,
será a primeira vez que o país vai
assumir este órgão máximo da União Africana?
Sem dúvida. Será algo histórico, pela primeira vez Angola presidirá os
destinos da organização continental africana.
Que benefícios pode tirar ao chegar a esta posição?
São vários os benefícios e, dependerão, em parte, da agenda a ser adoptada,
consensualmente, pela Região Austral e pela própria União Africana, em
alinhamento com o tema do ano de 2025.
A presidência da UA vai dar maior visibilidade ao país e ao Chefe de Estado,
Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço, enquanto presidente em exercício
da organização continental, tendo em atenção que interagirá com os seus pares
da União Europeia, por exemplo, e enquanto interlocutor principal da UA, em
especial em matérias de paz e segurança, de cooperação no âmbito de todas as
parcerias existentes entre a UA e os vários países e organizações, cujas
reuniões tenham lugar no ano em que a presidência recair para Angola.
Naturalmente que Angola deverá encontrar os equilíbrios indispensáveis para
projectar a agenda nacional, sub-regional e continental, em consonância com os
princípios do pan-africanismo e do renascimento africano.
Em que pé está o processo de candidatura para o Conselho de Paz e Segurança
da União Africana?
Sobre a candidatura de Angola como membro do Conselho de Paz e Segurança
(CPS) da União Africana para o biénio 2024-2025, aproveito para informar que já
foi submetida ao Escritório do Conselho Jurídico da Comissão da União Africana,
no dia 21 de Setembro de 2023. A par disso, a Embaixada da Namíbia na Etiópia,
na qualidade de decana da região da África Austral, notificou a Comissão da UA
sobre a candidatura de Angola e do Botswana que representarão esta importante
região.
O que leva o país a candidatar-se a membro do Conselho de Paz e
Segurança da União Africana?
Esta candidatura decorre da intenção soberana do nosso país em ocupar um
dos lugares disponíveis para a Região da África Austral no referido período.
Angola tem procurado exercer um papel diplomático cada vez mais assertivo e
dinâmico nas organizações regionais, continental e internacionais, com o
objectivo de contribuir para os processos de consolidação da paz, estabilidade,
segurança e desenvolvimento sustentável em África, tendo em conta a sua
experiência em matéria de prevenção, gestão e resolução pacífica de conflitos.
Quais são as chances de o país vir a ocupar esta vaga?
As mesmas que conduziram a apresentação da referida candidatura. Trata-se,
por isso, de um assunto definitivamente pacífico. A ocupação deste lugar
resulta do princípio da rotatividade que se observa nos vários órgãos da União
Africana. No biénio 2024-2025, Angola e o Botswana terão a oportunidade e a
honra de representar a Região da África Austral.
Quando é que decorrem as eleições?
As eleições ocorrerão durante a 44ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo e a
37ª Sessão Ordinária da Assembleia dos Chefes de Estado e de Governo da União
Africana, previstas para os dias 17 e 18 de Fevereiro deste ano.
Esta vai ser a quarta vez que Angola será eleita para
este órgão da União Africana?
Afirmativo.
Desde a operacionalização do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, em
2004, Angola já foi eleita três vezes, sendo a primeira por um mandato de três
anos (2007-2010) e as restantes por dois anos (2012-2014 e 2018-2020). Importa
referir que o Conselho de Paz e Segurança da União Africana é um órgão
decisório permanente para a prevenção, gestão e resolução de conflitos em
África. Torna-se, por isso, fundamental que Angola esteja representada num dos
órgãos mais estratégicos da União Africana que actua como uma estrutura de
segurança colectiva e de aviso prévio para facilitar, em tempo oportuno, uma
resposta eficaz a situações de conflito e de crise no continente.
Já não é tempo de Angola projectar uma candidatura ao
cargo de presidente da Comissão da União Africana?
Não compete
ao embaixador responder a esta questão.
Como é que a União Africana olha para as reformas em curso em Angola, com
destaque para o combate à corrupção e à impunidade?
Com bons olhos. Aliás, Sua Excelência João Manuel Gonçalves Lourenço
adoptou o combate à corrupção, à impunidade, ao nepotismo e à bajulação como o
baluarte da sua governação. É sintomático que o actual vice-presidente do
Conselho Consultivo da União Africana contra a Corrupção (AUABC) seja um
angolano, o Dr. Pascoal António Joaquim, antigo Procurador Geral Adjunto da
República.
Que repercussão a recepção do Presidente João Lourenço na Casa Branca teve
junto da União Africana?
Muito positiva. Angola é um país soberano e bastante respeitado no concerto
das nações e que está a colocar em prática a diplomacia económica, através da
criação e reforço de parcerias com países e organizações internacionais de
interesse estratégico.
A visita de Sua Excelência o Presidente da República, João Manuel Gonçalves
Lourenço, aos Estados Unidos da América, e os assuntos de carácter económico e
de segurança abordados com o Presidente Joseph Robinette Biden, Jr., não são
apenas de interesse bilateral, mas abrangem o continente africano com
repercussão internacional. As perspectivas de operacionalização plena do
Corredor do Lobito aumentarão as possibilidades de exportação para Angola,
Zâmbia e República Democrática do Congo, impulsionará a circulação regional de
mercadorias e promoverá a mobilidade dos cidadãos até ao Índico.
Até 2020, Angola tinha uma presença muito insignificante de quadros nos
vários órgãos da União Africana, não obstante ser um dos maiores contribuintes.
Qual é o quadro actual?
O quadro continua incipiente. Angola precisa evoluir neste sentido. Estamos
a trabalhar com a área competente da Comissão da União Africana para vermos as
possibilidades de inversão do quadro actual. Angola pode melhorar o seu nível
de representatividade em termos de quadros na UA, uma vez que decorre o
processo de reforma institucional na organização, cujo relatório será
apresentado na Conferência dos Chefes de Estado e de Governo de Fevereiro de
2024, pelo Presidente do Rwanda, Sua Excelência Paul Kagame, enquanto Campeão
da UA para as Reformas Institucionais.
O que está na base deste desfasamento?
São muitos factores. A nível nacional, é imperioso articular ideias e
traçar estratégias que devem envolver todos os sectores da sociedade angolana.
Precisamos de disseminar mais as oportunidades de emprego, bolsas de estudo e
estágios curriculares/profissionais que a organização continental
disponibiliza, preenchidas por via de concursos, que vão para além de cargos
políticos. A União Africana precisa de professores, intérpretes/tradudores,
especialistas em Informática e Telecomunicações, electricistas, auxiliares de
limpeza, pessoal de segurança, motoristas, etc. São muitas oportunidades de
emprego que Angola deverá saber explorar.
Tem havido interesse de alguns Estados africanos em beber da experiência de
Angola em matéria de resolução pacífica de conflitos?
Com certeza. A título de exemplo, menciono a visita que Sua Excelência a
Presidente da Etiópia, Sahle-Work Zewde, efectuou, em Dezembro de 2021, a
Angola, para abordar com o seu homólogo, João Manuel Gonçalves Lourenço,
questões ligadas ao conflito na região etíope do Tigray.
Angola apoiou e congratulou-se com os esforços realizados por todas as partes
envolvidas e que permitiram uma solução negociada para o fim do conflito armado
em Tigray e ao estabelecimento da paz na Etiópia, no âmbito do Acordo de Paz
entre o Governo etíope e a Frente de Libertação do Povo Tigray, assinado no dia
2 de Novembro de 2022, em Pretória, África do Sul, com mediação da UA.
Pode apontar outros exemplos?
Outro exemplo consubstancia-se no facto da 16.ª Sessão Extraordinária da
Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) sobre
Terrorismo e Mudanças Inconstitucionais de Governo em África, realizada em
Malabo, República da Guiné Equatorial, aos 28 de Maio de 2022, ter designado
Sua Excelência o Presidente da República João Manuel Gonçalves Lourenço, como
Campeão da UA para a Paz e Reconciliação em África e como mediador do clima de
tensão entre a República Democrática do Congo (RDC) e a República do Rwanda.
Que papel a União Africana pode desempenhar para acelerar a efectivação
da Zona de Comércio Livre Continental
Africana?
A Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) é um dos projectos
mais emblemáticos da União Africana. Representa uma oportunidade única para os
Estados africanos impulsionarem o comércio intra-africano e a inclusão
económica, aumentarem o valor acrescentado e adoptarem reformas para um
incremento do seu acesso ao mercado de exportação de África.
Trata-se de um acordo de grande dimensão?
A ZCLCA é um acordo comercial de grande dimensão, que visa reunir os 55
Estados membros da União Africana, cobrindo um mercado de mais de 1,3 mil
milhões de pessoas, e abrange áreas críticas da economia africana, tais como o
comércio digital e a protecção de investimentos, entre outras. Todavia, tudo
depende da vontade soberana de cada Estado em ratificar o acordo que cria este
mega projecto, cuja operacionalização teve início a 1 de Janeiro de 2021. É
fundamental o alinhamento da agenda política nacional de cada Estado com as
metas definidas pela ZCLCA.
Angola tem uma participação activa neste processo?
Sim, Angola já ratificou e depositou em Novembro de 2020 os instrumentos
jurídicos exigidos, contribuindo, assim, para a entrada em vigor do Acordo, em
Janeiro de 2021. Por outro lado, tem desenvolvido esforços para melhorar o
ambiente de negócios no país e no continente, reforçando a indústria e
incentivando o aumento da produção nacional, através de vários planos
estratégicos, nomeadamente, o PLANAGRÃO 2023-2027, com prioridade para o trigo,
arroz, soja e milho, o PLANAPESCAS 2023-2027, que visa fomentar a actividade
pesqueira empresarial, aumentar a produção e transformação do pescado e do sal
e o PLANAPECUÁRIA 2023-2025, que procura aumentar a produção de carne, leite e
ovos. Estes planos nacionais, entre outros, visam contribuir para a soberania
alimentar, assegurar a auto-suficiência alimentar e nutricional do país,
estando alinhados com o Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN 2023-2027) e,
sobretudo, a Estratégia de Desenvolvimento de Longo Prazo - Angola 2050 (ELP
Angola 2050) que reflecte a visão futura de Angola. Neste contexto, procura
domesticar e apropriar-se dos compromissos internacionais assumidos por Angola,
no âmbito da Agenda 2030 das Nações Unidas e da Agenda 2063 da União Africana.
A existência de alguns focos de instabilidade em
África dá a impressão de não existir uma Arquitectura de Paz e Segurança virada
para a resolução destes conflitos. O que tem a dizer?
África já
possui duas arquitecturas continentais. A questão é a dificuldade que
apresentam sempre que são chamadas a responder aos objectivos que presidiram à
sua criação. Refiro-me à Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA),
criada em 2002, enquanto resposta estrutural a longo prazo aos desafios para a
paz e segurança no continente africano. Foi estabelecida para promover os
princípios fundamentais da UA sobre a paz, segurança e estabilidade em África.
Trata-se de uma estrutura operacional para a implementação efectiva das
decisões tomadas sobre prevenção de conflitos, manutenção da paz, operações de
apoio à paz, construção da paz e reconstrução pós-conflito. O seu mandato
reflecte a mudança da segurança centrada no Estado para a segurança humana,
amplamente aceite a nível continental.
E a Arquitectura Africana de Governação?
A Arquitectura Africana de Governação da União apresenta o quadro para
tratar da questão do pluralismo. Considera os valores e práticas democráticas
como normas, apresentando o veículo para a promoção do pluralismo político no
continente. A consolidação da cultura democrática garantirá a tolerância
religiosa, cuja ausência tende a ser uma fonte de conflito e insegurança em
alguns Estados-membros.
Os conflitos no Sudão e Líbia estão a conhecer resoluções fora do continente
africano. Em que medida isso pode manchar a imagem e a credibilidade da União
Africana?
Em nenhuma circunstância e perspectiva. O processo de mediação liderado por
entidades externas, no caso do Sudão, pelo Qatar, inclui altos funcionários da
Comissão da União Africana (CUA), com os quais coordena as tentativas de
estratégias e acções, já consignadas no Roteiro da UA que visa contribuir para a
resolução do conflito naquele país.
E no caso da Líbia?
No caso da Líbia, existe uma intervenção de uma Missão da ONU, associada a
um enviado especial do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, que trabalha
estreitamente com a UA. O exercício envolve esforços nacionais, regionais e
internacionais, para intermediar acordos provisórios de partilha de poder,
governo de transição e parâmetros constitucionais, para a realização de
eleições. Como vê, a União Africana é um dos actores activos na procura de soluções
pacíficas e inclusivas para os conflitos que ainda persistem no Continente e no
mundo.
Há sectores de opinião que dizem que África não fala a uma só voz nos fóruns
internacionais em prol do continente, com realce para o Conselho de Segurança
da ONU. Qual é o seu entendimento?
Trata-se de uma visão que discordo, mas respeito. Em primeiro lugar, as
candidaturas dos representantes africanos no Conselho de Segurança (CS) da ONU
são endossadas pelo Comité Ministerial das Candidaturas Africanas no Sistema Internacional,
gerido ao nível da UA e do qual Angola fez parte nos últimos seis anos. Em
segundo lugar, existe um Comité dos Dez Chefes de Estado da União Africana
sobre a Reforma do Conselho de Segurança das Nações Unidas (C10), actualmente
presidido por Sua Excelência Julius Maada Wonie Bio, Presidente da República da
Serra Leoa, e integrado pela Argélia, Congo, Guiné Equatorial, Líbia, Namíbia,
Quénia, Senegal, Serra Leoa, Uganda e Zâmbia, visando criar uma posição comum
de África sobre o processo de reforma do Conselho de Segurança das Nações
Unidas.
Qual é o trabalho deste comité?
A inclusão de alguns Estados Africanos como membros permanentes deste
importante órgão da ONU é um dos objectivos do trabalho deste Comité, para
exteriorizar, na primeira pessoa, tudo o que converge para a resolução dos
conflitos no continente. Importa destacar, igualmente, o Seminário Anual de
Alto Nível sobre a Promoção da Paz e Segurança em África, conhecido por
"Processo de Oran”, que se realiza na República Argelina Democrática e Popular,
visando articular a parceria entre a ONU e a UA, em colaboração com o
Departamento para os Assuntos Políticos, Paz e Segurança da UA, no sentido de
garantir a concertação de posições comuns a serem defendidas pelos três países
africanos (A3) membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
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LoginKaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins
Em entrevista exclusiva ao Jornal de Angola, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, fez a radiografia do sector, dando ênfase aos avanços registados em 22 anos de paz. Neste período, houve aumento do número de camas hospitalares, de 13 mil para 41.807, e da rede de serviços de saúde, que tem, actualmente, 3.342 unidades sanitárias, das quais, 19 hospitais centrais e 34 de especialidade. Sobre a realização de transplantes de células, tecidos e órgãos humanos, a ministra disse que, com a inauguração de novas infra-estruturas sanitárias e a formação de equipas multidisciplinares, o país está mais próximo de começar a realizar esses procedimentos
Assume-se como uma jornalista comprometida com o rigor que a profissão exige. Hariana Verás, angolana residente nos Estados Unidos da América há mais de 20 anos, afirma, em exclusivo ao Jornal de Angola, que os homens devem apoiar as mulheres e reconhecer que juntos são mais fortes e capazes de construir uma sociedade equitativa e próspera. A jornalista fala da paixão pela profissão e da sua inspiração para promover as boas causas do Estado angolano, em particular, e de África, em geral.
Por ocasião do Dia Nacional da Juventude, que se assinala hoje, o Jornal de Angola entrevistou o presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), Isaías Kalunga, que aconselha os jovens a apostarem no empreendedorismo, como resposta ao desemprego, que continua a ser uma das maiores preocupações da juventude angolana.
O Governo angolano está, neste momento, a desenvolver uma iniciativa que tem por objectivo dinamizar a concessão de crédito às Micro, Pequenas e Médias Empresas nacionais, com a perspectiva de 30 por cento vir a beneficiar projectos executados por mulheres.
Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
A Inspecção Geral do Trabalho (IGT) através da área de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho registou 46 acidentes fatais, de 2023 ao primeiro trimestre deste ano. As vítimas mortais foram registadas nos sectores da Construção Civil, Indústria, Comércio e Prestação de Serviços.
A União Africana (UA) manifestou preocupação com "a tensão entre comunidades locais" no Norte da Etiópia e apelou ao "fim das hostilidades" que já obrigaram pelo menos 50 mil pessoas a deslocarem-se, segundo a ONU.
Neste mês dedicado à juventude, propusemo-nos trazer, à ribalta, parte da história de vida de mais um jovem angolano, que, fruto da sua determinação e resiliência, construiu um percurso empresarial digno de respeito, podendo ser, por isso, um exemplo a seguir para quem pretender trilhar os mesmos caminhos.
A segunda edição do “Almoço Angolano” acontece, hoje, às 14h00, no Hotel Diamante com as actuações de Acácio Bambes e Flay, com o acompanhamento da Banda Real. A abertura é com a presença do Kudimuena Kota.