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França contra a violência em áreas da Cisjordânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros da França, Stéphane Séjourné, disse, terça-feira, estar contra a violência em áreas da Cisjordânia ocupada, e instou o Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, a acabar com as investidas dirigidas à população palestiniana.

07/02/2024  Última atualização 10H50
Ministro francês Stéphane Séjourné alarga contactos à Autoridade Palestiniana © Fotografia por: DR

A posição da França foi manifestada depois de uma reunião Stéphane Séjourné e Natanyahu. "Não pode haver em caso alguma deslocação forçada de palestinianos, nem para fora da Faixa de Gaza, nem para fora da Cisjordânia", acrescentou Séjourné. A posição do ministro francês dos Negócios Estrangeiros coincide com a do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que se encontra no Médio Oriente a tentar alcançar uma trégua na guerra entre Israel e o movimento de resistência islâmica Hamas na Faixa de Gaza, palco de uma grave crise humanitária.

"O futuro da Faixa de Gaza é indissociável do futuro da Cisjordânia. Temos de preparar este futuro apoiando a Autoridade Palestiniana. Esta tem de se renovar e instalar-se quando possível na Faixa de Gaza", adiantou o ministro francês.

"Repito: a Faixa de Gaza é um território palestiniano", insistiu Séjourné, que está a fazer a sua primeira deslocação oficial ao Médio Oriente desde que ocupa o cargo, para o qual foi nomeado em Janeiro.

Os palestinianos vivem com dois Governos rivais desde 2007, o do Hamas, na Faixa de Gaza, e o da Autoridade Palestiniana, que controla pedaços da Cisjordânia.

O ministro francês apelou a "uma resolução política global, com dois Estados a viver em paz, lado a lado", o que supõe o reinício "imediato" do processo de paz. "Sem solução política, não há paz justa e duradoura no Médio Oriente. É a nossa posição e a nossa análise da situação", argumentou Séjourné.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da França deve deslocar-se a Ramallah, na Cisjordânia, onde se deve reunir com o homólogo palestiniano, Riyad al-Malki, e depois com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

Apoio espanhol à agência da ONU

O Governo israelita lamentou, ontem, a contribuição urgente de 3,5 milhões de euros por Espanha à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), sem esperar pela conclusão da investigação ao alegado envolvimento de funcionários no Hamas.

Fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel manifestou esta posição à agência Europa Press, depois de o chefe da diplomacia espanhola, José Manuel Albares, ter anunciado que Espanha não só continuará a apoiar a URNWA como também disponibilizará 3,5 milhões de euros para que possa continuar a desenvolver as suas actividades a curto prazo, depois de outros países doadores terem suspendido o financiamento.

"Achamos muito lamentável" a decisão do Governo espanhol "sem sequer esperar" para saber o resultado da investigação em curso depois de ter sido revelado que alguns dos trabalhadores da UNRWA participaram no massacre de 7 de Outubro e nas ligações desta agência da ONU "com uma organização terrorista como o Hamas", apontaram as fontes.

Em 26 de Janeiro, a UNRWA anunciou o despedimento de vários dos seus funcionários depois de Israel ter revelado que tinham participado nos ataques de Outubro e anunciou a abertura de uma investigação, à qual também aderiu a própria ONU.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, nomeou ontem a comissão externa responsável pela investigação da integridade da UNRWA, sob a direcção da ex-ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna.

Como resultado destes acontecimentos, numerosos países doadores, incluindo os Estados Unidos, Reino Unido e vários Estados-membros da União Europeia, como a Itália e a Alemanha, suspenderam as contribuições financeiras para a agência da ONU, enquanto outros, como Portugal, Noruega e Bélgica, reiteraram o apoio.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infra-estruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e electricidade.

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