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RDC acusa Rwanda de ter atacado aeroporto de Goma

O Exército da República Democrática do Congo (RDC) acusou, sábado, o Rwanda de ter atacado com ‘drones’ o aeroporto de Goma, no Leste do país, região onde têm ocorrido combates contra o grupo M23, que, segundo Kinshasa, é apoiado por Kigali.

18/02/2024  Última atualização 07H55
Disparos visavam aeronaves das Forças Armadas Congolesas © Fotografia por: DR
"Durante a noite, às 2h00, hora local, os ‘drones’ de ataque do exército rwandês violaram os limites territoriais” da RDC, afirmou o porta-voz do Exército para Kivu do Norte, tenente-coronel Guillaume Ndjike, citado pela AFP.

Segundo Guillaume Ndjike, no vídeo difundido pelo serviço de comunicações do governador provincial, tendo em conta as trajectórias seguidas pelos disparos dos ‘drones’, estes visavam as aeronaves das Forças Armadas Congolesas (FARDC).

"As aeronaves das FARDC não foram atingidas”, mas aviões civis foram danificados”, disse, sem especificar quantas aeronaves foram afectadas, nem quantos projécteis disparados.

Durante a noite, os moradores de Goma, incluindo um correspondente da AFP, ouviram duas fortes explosões. Apesar deste incidente, o Aeroporto Internacional de Goma estava a funcionar normalmente, de acordo com fontes no local.

"As actividades lá estão a funcionar normalmente, estou a atender os meus clientes”, disse à AFP um comerciante instalado na entrada do aeroporto, enquanto os passageiros chegavam com as respectivas bagagens para embarcar.

A província do Kivu do Norte, da qual Goma é a capital, está a ser assolada desde o final de 2021 por um conflito que opõe o M23 (Movimento 23 de Março), apoiado por unidades do Exército rwandês, ao Exército congolês associado em particular a grupos armados ditos "patriotas” e duas empresas militares privadas estrangeiras.

Milhares de soldados e milicianos estão envolvidos, bem como artilharia, aviões de combate Sukhoi-25 e ‘drones’.

De acordo com um documento das Nações Unidas consultado pela AFP, o Exército rwandês também utiliza armamento sofisticado, como mísseis terra-ar, no apoio ao M23.

O Movimento 23 de Março é um grupo de rebeldes, predominantemente ‘tutsi’, que voltou a pegar em armas no final de 2021 e, desde então, conquistou grandes áreas do território do Kivu do Norte.

Goma, uma cidade com mais de um milhão de habitantes, encravada entre o  Kivu, a Sul, e a fronteira com o Rwanda, a Leste, agora está praticamente isolada de todas as suas vias de acesso terrestre ao interior do país, a Norte e a Oeste.

A RDC acusa o Rwanda e os seus adjuntos do M23 de quererem assumir o controlo dos minerais do Leste do Congo. O M23, por seu lado, afirma defender um segmento ameaçado da população e exige negociações, que Kinshasa recusa, excluindo discussões com "terroristas”.

Na sexta-feira, o Presidente angolano, João Lourenço, convocou, em Addis Abeba, uma Mini-Cimeira para debater a situação no Leste da RDC, à margem da 37.ª Cimeira da União Africana (UA).

O Chefe de Estado angolano é mediador da UA na crise e a Mini-Cimeira visava discutir o relançamento do processo de paz no Leste da RDC.

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