Além da banana, a fazenda, que enfrenta o constrangimento da falta de energia eléctrica, produz papaia, abacaxi, maracujá, pepino, agrião, repolho, cebola e cenoura.

Recentemente, uma delegação da Câmara Municipal da Vila Real de Santo António,  de Portugal, que esteve no município do Nzeto, visitou o espaço, tendo ficado impressionado com o nível de organização.

João Amaral explicou que, recentemente, a banana produzida no local foi exportada para Portugal, França e África do Sul. O gestor da fazenda informou, também, que mais de 200 toneladas de produtos agrícolas estão a ser comercializadas nas grandes superfícies comerciais, restaurantes e empresas de catering do país.

A referida fazenda proporciona 1.700 empregos directos e 4.000 indirectos e tem como principais colaboradores agricultores do Ambriz, Musserra e dos arredores de Luanda.

Responsabilidade social

No âmbito da sua responsabilidade social, a Fazenda Girassol está a apoiar as famílias das comunidades residentes na zona em que está situado o empreendimento.

As comunidades camponesas do Valaúa, Musserra e Loge Grande recebem sementes e instrumentos agrícolas. O sócio-gerente informou que foi erguida uma escola agrícola para permitir aos agricultores locais actualizar os seus conhecimentos em várias questões relacionadas com a produção agrícola.

  Tractores são manuseados por mulheres

A maioria dos tractores utilizados para a lavoura, na Fazenda Girassol, é manuseada por mulheres, depois de passarem por um período de instrução técnica básica.

Donana Miguel, 31 anos, natural do Ambriz, é uma dessas mulheres que o Jornal de Angola encontrou ao volante de um tractor agrícola.

Sorridente, disse que antes era tabu, ou até falta de respeito aos homens falar sobre uma mulher motorista, pior ainda tractorista. Afirmou sentir-se abençoada por ter sido uma das apostas da gestão da referida propriedade para fazer o curso e estar envolvida na agricultura mecanizada há mais de três anos.

"Entrei como agricultora manual. Fruto da minha dedicação, fui seleccionada num grupo de 20 para a formação de tractoristas agrícolas e aqui estou”, disse. Letícia Baptista, 35 anos, é outra mulher tractorista da fazenda.

Até agora, continua admirada com o que faz. No princípio, sublinhou, não acreditava no que fazia. Com o passar do tempo, foi se aperfeiçoando e viu que as mulheres podem, também, fazer trabalhos que eram tidos como exclusivos para homens. "Estou feliz e faço o meu trabalho com muito amor e carinho”, admitiu.

Primeiro emprego

José Manuel António, natural de Luanda, e Gabriel Tumbuele, natural do Bié, encontraram na Fazenda Girassol o seu primeiro emprego.

Ambos reconhecem ter concretizado o sonho de criança, estar ligado à área agrícola.

José Manuel António disse que sonhava estudar Ciências Agrárias, mas não teve esta oportunidade, por razões que se recusou a mencionar. Contudo, está feliz com o trabalho que faz.

Gabriel Tumbuele precisou que sempre teve a ambição de ser agricultor, pelo facto de os pais serem camponeses.