Especial

INEMA necessita de meios aéreos para resgate com rapidez

Alexa Sonhi

Jornalista

O Instituto Nacional de Emergências Médicas de Angola (INEMA) necessita de helicópteros e aeronaves, para três pontos de aterragem, sendo um na província de Luanda, outro na zona Centro-Sul e o último no Leste do país, defendeu o director-geral da instituição, Azevedo Ikumba.

19/02/2024  Última atualização 10H00
Criado em 2009, o Instituto de Emergências Médicas é responsável pelo resgate de doentes em casa, serviço ou na via pública © Fotografia por: DR

Em entrevista ao Jornal de Angola, a propósito das actividades desenvolvidas pelo INEMA, o responsável disse que, nesta altura, necessita de, pelo menos, um helicóptero para o resgate de sinistrados ou doentes que se encontrem em zonas longínquas, com rapidez e segurança.

Os meios aéreos e os pontos de aterragem, disse, iriam facilitar o trabalho em função da extensão territorial do país. "Se assim não for, um helicóptero para ir resgatar o doente ou sinistrado no Sul ou no Norte, tem de fazer escala, mas se tivermos lá uma base central, será muito mais fácil socorrer a vítima.

A materialização deste projecto ultrapassa as nossas atribuições, mas temos consciência de que há sensibilidade da superestrutura e vamos aguardar”, sublinhou. Para colmatar a falta destes meios aéreos, o INEMA está em conversações com a Força Aérea Nacional, no sentido de se estabelecer um protocolo de cooperação para facilitar o resgate de vítimas em zonas inacessíveis para viaturas.

 
Número de ambulâncias

O director-geral do INEMA informou que, até Dezembro último, a instituição possuía 138 ambulâncias. Deste número, apenas metade estava operacional, devido às longas distâncias que percorrem todos os dias.

Azevedo Ikumba, que é cirurgião cardíaco, recordou que, além destes meios, o Ministério da Saúde entregou ao INEMA, em Janeiro deste ano, nove ambulâncias de suporte avançado para facilitar as operações.

Durante a entrega das ambulâncias, esclareceu, a ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, comprometeu-se em entregar mais 100 ambulâncias de suporte avançado até o próximo mês de Março, para serem distribuídas em todos os destacamentos do INENA espalhados pelo país.

 
Municipalização dos serviços

Questionado se o INEMA está representado em todos os municípios do país, o director-geral disse que a instituição está apenas representada nas capitais provinciais. "Temos representação em todas as províncias, mas, infelizmente, não estamos, ainda, presentes em todos os municípios”, frisou.

Actualmente, realçou, as províncias que mais solicitam os serviços do INEMA são: Luanda, Huambo, Benguela, Huíla, Bengo, Malanje e Zaire.

De acordo com o responsável do INENA, esforços têm sido feitos para que os serviços desta instituição sejam implementados nos 164 municípios que o país possui.

Azevedo Ikumba afirmou que os motivos da não municipalização dos serviços do INEMA decorrem da exiguidade de meios de trabalho, falta de pessoal treinado para emergências médicas, espaço para se a acomodar os profissionais e os equipamentos. "Não é uma tarefa fácil, porque, mesmo em Luanda, como capital do país, não conseguimos cobrir como devia ser, todos os municípios, exactamente devido à insuficiência de meios”, lamentou.

Destacamentos em Luanda

Em relação aos pontos do INEMA na província de Luanda, o responsável informou que existem destacamentos na Camama, bairro Popular, no Aeroporto 4 de Fevereiro, Ramiros, Barra do Kwanza, Catete, Ponte do 25, bairro Sacriberto, em Cacuaco, Zango e dentro das instalações do Centro Integrado de Segurança Pública (CISP).

Segundo Azevedo Ikumba, existem alguns destacamentos de apoio à sinistralidade rodoviária que não pertencem ao INEMA, mas, sim, ao Ministério do Interior.

Nestes locais, frisou, o INEMA envia equipas para aferir a sua funcionalidade, ver onde precisam melhorar, a fim de se dar formações específicas sobre assistência pré-hospitalar, para que os efectivos do Ministério do Interior efectuem regaste com segurança.

"Em situação de emergência, não é só chegar e pegar o sinistrado. É preciso saber manusear devidamente o paciente para não lhe causar outros danos e, para dominar estas técnicas, os intervenientes precisam de formação especifica dos nossos profissionais”, esclareceu.

O médico cirurgião informou ser meta da direcção treinar, nos próximos tempos, nos hospitais, equipas de emergências pré e pós-hospitalar, quer na assistência primária, secundária e terciária, para acudir casos ligeiros e uniformizar, assim, os serviços pré-hospitalares com os serviços hospitalares.

 
Regra de atendimento

 Questionado sobre o tempo mínimo para se prestar assistência pré-hospitalar a fim de evitar mortes, Azevedo Ikumba esclareceu que, de acordo com as regras internacionais, o ideal seria de 10 a 20 minutos para que a equipa de resgate se faça presente no local.

Mas, adiantou, há especificidades próprias. E, no país, temos muitas: a falta de vias  verdes (espaços nas estradas para a circulação de emergência), o engarrafamento, as distâncias do sinistrado ao ponto de destacamento, comportamento dos utentes em não abrir caminho mesmo ouvindo as sirenes, tudo isso, segundo o director-geral do INEMA, dificulta as acções de resgate.

 
Vias exclusivas para ambulâncias

Na visão do director-geral do Instituto Nacional de Emergências Médicas, já era tempo de se fazer vias específicas para facilitar a circulação de ambulâncias, bombeiros ou outros veículos devidamente sinalizados como urgência.

"Essa questão das vias verdes é um tema de debate desde 2019, mas, até agora, as instituições de direito não respondem de forma favorável”, lamentou o responsável.


Quem estiver a passar   mal deve ligar para o 111

Sobre o serviço do "centro de chamadas”, Azevedo Ikumba disse que, antes, o INEMA era contactado por meio do número 116, que foi desactivado depois da criação do Centro Integrado de Segurança Pública, que funciona com o número 111, o mesmo do INEMA. "Qualquer pessoa que estiver a passar mal deve ligar para o INEMA, discando o 111 não importa a hora e o local em que estiver. E, nos últimos tempos, temos recebido mais solicitações da população”, notou.

O responsável esclareceu que não há doenças específicas para alguém ser assistido pelo INEMA, tudo o que for de emergência pode accionar os serviços pré-hospitalares e, se o fizer, vai ser devidamente atendido.

Sobre o número de efectivos que o INEMA possui, Azevedo Ikumba disse que, a nível nacional, a instituição trabalha apenas com 600 profissionais, entre médicos, enfermeiros e pessoal de apoio. Este número, acrescentou, é bastante reduzido, tendo em conta as solicitações recebidas diariamente.

De acordo com as necessidades do INEMA, sublinhou, são necessários 2.077 funcionários, dos quais um terço seria administrativo e os demais profissionais operativos como médicos, enfermeiros e condutores de ambulâncias.

O INEMA foi criado em 2009, por meio do Decreto Presidencial n.º 40/09, de 21 de Agosto, com o objectivo de colmatar uma das lacunas que havia, na altura, relacionada com a falta de estrutura responsável pelo resgate de doentes que estão em casa, no serviço ou na via pública a precisar de assistência médica urgente e, depois, serem levados às diferentes unidades hospitalares a fim de darem continuidade ao tratamento.

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